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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Carta a Petrônio Braz - São Paulo, 18 de julho de 2014. Prezado Petrônio, Meu nome é Luciano e sou sobrinho neto de Saul Alves Martins. Minha mãe, Ilza Castilho Figueiredo, de Januária, é irmã do falecido Pedro do Carmo Figueiredo (por parte de pai), que era afilhado e sobrinho do tio Saul e, como ele, também foi Coronel da Polícia Militar de MG em BH. O fazendeiro Francisco Castilho da Barra do Mangai, citado no seu livro ´Serrano de Pilão Arcado´ e referenciado como parente pelo Saul no livro dele ´Antônio Dó´, que teria avisado as forcas policiais por ocasião da passagem de Dó por suas terras em 1929, era meu bisavô. Sou, então, um amante dessas histórias e li os livros do Manoel Ambrósio, do tio Saul, do seu pai, Brasiliano Braz, e o seu Serrano de Pilão Arcado. Parabéns pelo legado que vossa família deixa para o Brasil e também tenho orgulho do livro pioneiro do tio Saul. É com muita satisfação e expectativa que lhe escrevo essa mensagem (consegui o seu e-mail no mural do www.montesclaros.com) e, me desculpe por ocupar o seu tempo e a sua caixa de e-mail). Sei que deve receber centenas de mensagens e talvez tenha alguma dificuldade para ler e responder a todas elas. Já terei compreendido caso você não tenha a possibilidade de responder mais esta. Bem, de qualquer forma tomei a liberdade em lhe escrever pois pretendo realizar no mês de setembro próximo uma viagem refazendo parte dos caminhos trilhado por Antônio Dó, por Andalécio e pelo meu avô. Tenho essa fantástica história está na minha memória e lembrança de infância pois minha avó por parte de pai, Joana da Mota Almeida contava, a pedido dele, e me deixava extasiado. O Andalécio Goncalves Pereira tinha parentes numa localidade de Januária chamada Quilombo que fica no vale do Peruaçu, perto do Fabião e das cavernas daquele parque. Ali vivia provavelmente irmão, primo ou tio seu, estou ainda tentando identificar. Minha tia (irmã do meu pai) Laurinda Almeida (Lalu) casou no Quilombo com Laurindo Gonçalves Pereira que era provavelmente sobrinho ou primo neto de Andalécio. Lá no Quilombo vivia também o meu avô, Orozimbro de Almeida Barbosa, filho de Sérgia, fazendeira que ocupava extensa área de terra no Pitanga. Nascido em 1896, quando Andalécio morreu em 1920 ele tinha então 24 anos e recebeu uma importante missão. Segundo os relatos dos parentes, a esposa de Andalécio chamava Ana Maria e deveria ser filha do Major Anacleto José dos Santos. Não tenho essa certeza, uma vez que após a morte do major, em 1913, o Andalécio poderia ter arrumado outra mulher. O fato é que a Ana Maria era negra, o que indica que o major também deveria ser, caso fosse realmente o pai dela. Não sei se você tem essa informação pois eu ainda não consegui identificar em nenhum registro oficial o nome da esposa de Andalécio. Bem, o que pude apurar com os parentes foi que após a saída de Andalécio da prisão, no ano de 1920, enquanto ele reunia o bando para se vingar do Tenente Alcides do Amaral, a Ana Maria deixou São Francisco com medo de represália e foi se refugiar no Quilombo, na casa do meu avô, que na época era casado com Marcolina e fazendeiro naquele local. Quando Andalécio fugiu ferido do embate em São Francisco e desceu o rio passando por Januária, até desembarcar no porto do Belmonte, provavelmente pretendia chegar até o Fabião, que fica próximo daquele porto e depois seguir para o Quilombo, por dento do Parque do Peruaçu. Como sabemos ele não teve a sorte e o tempo de chegar até os parentes e foi morto ali mesmo, pela investida da forca policial do Amaral. Bem, para mim o mais intrigante e o que ficou na memória da família era o que minha avó, então a segunda mulher de Orozimbro contava. Segundo ela, após morte do Andalécio o meu avô, Orozimbro, teria recebido a missão de ir até o Urucuia buscar com Antônio Dó o gado da viúva, Ana Maria, herança deixada por Andalécio. Ai, lendo Serrano de Pilão Arcado fiquei pensando nas questões: Teria o meu avô ido mesmo até o Urucuia buscar esse gado ou foi até São Francisco, na própria fazenda do Andalécio? Teria Antônio Dó arregimentado parte do gado de Andalécio por ocasião da sua morte em 1920 e levado para o Urucuia, como vingança da ação de Andalécio na Vargem Bonita? Teria a viúva reclamado de volta as 48 reses que os capangas de Dó recuperaram de Andalécio em 1917, como compensação das 8 vacas subtraídas por ele de Dó na Vargem Bonita em 1913, depois da investida do Felão? O que você acha? Pretendo refazer agora em setembro os caminhos que o meu avô teria feito do Quilombo até o Urucuia para buscar o gado da viúva. Estou escrevendo um pequeno conto chamado ´Os bois de Ana Maria, um breve romance, baseado nos fatos, para relatar e deixar registrado esse importante parêntese na história grandiosa de Antônio Dó. Se você puder me auxiliar esclarecendo alguns detalhes dessas minhas dúvidas, ou na interpretação das possibilidades, será de grande valia. Vou passar em São Francisco durante esta jornada e se você tiver alguns minutos para eu lhe apertar forte a mão e dar um abraço de reconhecimento pela grandiosa obra sua e do seu pai, ficarei profundamente agradecido. Forte Abraço, Luciano A Castilho da Mota

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