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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Onde a bossa-nova surgiu Manoel Hygino - Hoje em Dia Vinícius de Moraes tinha raízes mineiras, dos Machados que produziram Lucas, o grande médico, Lúcia – a escritora, o acadêmico Ângelo Machado e tantos outros personagens queridos; Noel Rosa, já se viu, também teve ancestrais na montanha e, no ápice da carreira, veio aqui buscar cura de tuberculose; mais recentemente, descobri que João Gilberto veio a Minas para haurir na fonte inspiração para a bossa-nova. E escolheu para sua experiência nada menos que Diamantina, terra de Juscelino, o carismático governador e presidente, empregado dos Correios antes de fazer o curso de Medicina e colar grau em 1927, ao lado de Pedro Nava, entre outros. E JK foi apelidado de “o presidente Bossa-nova”. Ruy Castro, ao elaborar o seu “Chega de Saudade”, recorda a passagem de João Gilberto pela terra de Juscelino, de Francisco Nunes, o maestro, e em que viveu Helena Morley, a menina-prodígio – autora de um livro inesquecível, avó do acadêmico Eduardo Almeida Reis. Acontece que Castro, o brasileiro, de nome Ruy, não se aprofundou no estudo sobre JK em Diamantina, como informou Juscelino Roque, conhecedor das pesquisas de alto nível realizadas por Wander Conceição sobre a histórica cidade e suas personalidades. Por sinal, o autor ainda luta para conseguir recursos para continuação de seu minucioso e revelador estudo. Parece estranho, bossa-nova–Diamantina. Mas é fato. Aliás, o trabalho de Wander sobre a influência de Minas e de Diamantina na gestação da bossa-nova já extrapolou as fronteiras de Minas e do Brasil. O suicida jornalista alemão Marc Tischer lançou um livro em sua pátria com o título “Ho-ba-lá-lá, à procura de João Gilberto”, citando uma entrevista com Wander. Este trabalha seu projeto, há mais de década, sozinho, sem ajuda financeira de governo ou empresarial, mas não desiste. Ele sabe da valia de seu esforço. Mas não somente Ruy Castro entrou no tema. Zuza Homem de Mello produziu um livro de 120 páginas, lançado em 2001, para festejar os 70 anos do compositor, explicando tecnicamente a formação do ritmo e dos acordes da bossa-nova. Diz Zuza, na página 33, que: “Foi especificamente em Diamantina, em 1956, que João Gilberto atingiu a magia que procurava”. Como o compositor apareceu na terra dos diamantes? A irmã Maria da Conceição Dadainha era casada com um engenheiro civil, Péricles Rocha de Sá, que chefiava obras de uma rodovia na região, a BR-367. Antes, vivera em Diamantina um irmão de João Gilberto, o Jovino, que estudou no colégio Diamantinense, responsável por ensino de primeira qualidade. Mas ainda tocava violão e jogava futebol, pescava, além de integrar o Tiro de Guerra. Os diamantinenses não conseguiam ver João Gilberto. Ele se enfurnara na casa do cunhado e da irmã, por oito meses. Trancava-se no quarto com o violão e não saía sequer na calçada. Fechava-se horas e mais horas no banheiro, também com o violão. À noite, percorria de meias, para não fazer ruído, os corredores da casa. Depois cantava e tocava baixinho, ao lado do berço de Marta Maria, a sobrinha, no quarto de criança. Para os diamantinenses, era um sujeito esquisito, que passava o dia de pijama tocando violão.

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