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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Hospitais e Presídios, algumas semelhanças... Egresso de longa temporada hospitalar, creio poder tecer algumas considerações a respeito do pessoal, atendentes* e pacientes, razão de ser dos hospitais, e do modus operandi a estes inerente. Afora isso, filho de médico que sou, além de conversas em casa, li, ouvi e assisti a alguns fatos curiosos ou nem tanto que passo a comparar a outros relativos a presídios, embora nestes últimos jamais tenha sido hóspede. Mas, certamente, vivi o bastante para estar razoavelmente informado sobre o que ali se passa. Ademais, esta breve crônica – nem mesmo ensaio é – não pretende ir além do sugerido no título. Ambas as instituições, hospitais e presídios, destinam-se à recuperação física ou comportamental de pessoas, procurando reintegrá-las, saudáveis, ao convívio social. É sabido que algumas dessas pessoas retornam aos nosocômios para procedimentos vários, bem como outras reincidem no crime, retornando às casas de detenção. Não param por aí as semelhanças. Também sabemos que é idêntico, diuturno e universal o desejo, o objetivo primeiro dos internos nessas instituições: o de lá escapar – seja através de alta hospitalar, seja do cumprimento de sentença ou fuga. Esta, a fuga, pode dar-se também em hospitais, o que vem acentuar ainda mais as semelhanças de que aqui tratamos. Na chegada, uma vez trajados com a indumentária fornecida pela instituição e encaminhados a aposentos coletivos, internos de hospitais e presídios não precisam se dar ao trabalho ou talvez passar pelo constrangimento de dizer aos companheiros de infortúnio o porquê de ali se encontrarem: a notícia já correu, célere, levada por enfermeiros e carcereiros. Depois, detalhes de cada caso sairão espontaneamente em resposta a olhares inquisidores. Sucede-se então a rotina do dia a dia, intermináveis e solitários dias. Nas enfermarias e celas o burburinho começa logo após o nascer do sol. É o café da manhã, seguido da limpeza e higienização dos ambientes, isso em instituições que se prezam e que aqui nos servem de modelo**. Em seguida o banho de sol para aqueles que podem tomá-lo. E a jornada continua, idêntica à da véspera: lanche, almoço, merenda, jantar e ceia, que têm como denominador comum o aroma nada agradável e sabores questionáveis – queixa generalizada. Enfim, dormir, se é que se dorme direito nesses lugares. Serviços religiosos também estão disponíveis. As visitas, em horários e dias marcados, são aguardadas com grande expectativa nesses locais. Quando não de médicos ou advogados, são familiares, amantes, namorados ou amigos que vão levar conforto aos seus queridos. Em hospitais e prisões, visitantes geralmente costumam ser revistados à entrada. Nos primeiros, para não introduzirem alimentos ou objetos não permitidos; nos segundos, mais rigorosos, para evitar principalmente o repasse de aparelhos celulares, armas ou drogas aos detentos. Finalmente, embora não tenhamos elencado aqui todas as possíveis semelhanças entre hospitais e presídios, desejamos a todos os internos dessas instituições que as deixem o mais breve possível. Obviamente, vale para os detentos o recurso à fuga, em havendo chance para tal – a liberdade não tem preço! *Aproveito o ensejo para agradecer à equipe de enfermagem da Santa Casa – setor de transplantes – pelos cuidados a mim dispensados recentemente, bem como ao corpo médico que me assistiu. Fica o registro. **Para efeito das comparações ao longo do texto, tomamos por base presídios e hospitais modelares, não de primeiro mundo ou de tempos medievais como talvez possam parecer, mas que pelo menos tenham observado o disposto no projeto original quando da sua implantação. Acrescente-se que, no Brasil, e aqui vai mais uma semelhança, hospitais e presídios, com raríssimas exceções, vivem superlotados.

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