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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 30 de novembro de 2024
 

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Mensagem: De gravatinha borboleta preta e o rosto sereno de sempre, conduta lhana que foi a marca da sua vida. Assim se despede de nós, nesta manhã, o mais completo intelectual da cidade, o humanista Haroldo Lívio, também escritor, cronista, jornalista, bancário e oficial dos registros públicos. Aplicado, devotado, talentoso, o menino/jovem Haroldo Lívio, logo que se mudou para Montes Claros, entrou numa biblioteca e não saiu de lá enquanto não acabou de ler o último volume. Tornou-se, é claro, o maior sábio entre nós, uma enciclopédia permanente, para qualquer consulta, ornada de generosidade, comedimento e paciência. O nosso Sócrates, no Jardim de Academus que escolheu. Foi funcionário do Banco do Brasil e renunciou à carreira para seguir o ofício do pai, escrivão do Poder Judiciário. Por concurso, assumiu o Cartório de Imóveis de Porteirinha e acrescentou àquela cidade os traços de seu desprendimento e de sua cultura. Haroldo Lívio paira sobre sua região como o homem dos vôos mais altos, embora encerrados numa disciplina de modéstia e humildade que durou 76 anos, interrompidos ontem à noite, por volta das 22h. Os acontecimento mais importantes da cidade nos últimos 60 anos foram celebrados por sua escrita, ou relembrados. No jornalismo, ocupou-se, entre outras coisas, daquilo que é mais difícil, mais delicado - o registro dos que partem, o chamado necrológio, que também celebrizou Hermegildo Chaves, o Monzeca. Resumir sua vida de humanista pede muitas páginas, e elas ficarão incompletas. O fato é que Haroldo sentiu muito a partida do seu único irmão homem, Fernando, há dez meses. Apenas os muito próximos puderam entrever, no silêncio de sua conduta alta, o quanto lhe custou a separação. Há dois meses, submeteu-se a uma cirúrgia de bexiga, sem maiores complicações. Um quadro de diabetes, despertada pela falta do irmão mais velho, se incumbiu de dificultar as coisas. Havia também a descompensaçao da glicose. De qualquer modo, não tomou o lugar de ninguém nos hospitais, trasbordantes e exaustos. Morreu ontem em casa, assistido pela esposa, Maria do Carmo, e pelas filhas. Serenamente. O velório começou por volta das 2h da madrugada desta sexta-feira, numa bela noite de lua cheia, de céu infinitamente azul, onde sempre viveu sua alma. O sepultamento está marcado para as 14 horas. Mas, pessoas esplêndidas como Haroldo Lívio não vão à sepultura. Permanecem.

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