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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 20 de abril de 2024
 

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Mensagem: O respeito com o dinheiro público Se havia uma coisa da qual Toninho Rebello não abria mão, como prefeito, era um tremendo respeito com o dinheiro público. E exigia o mesmo comportamento de todos os seus auxiliares, indistintamente. Mas era ainda mais duro e exigente com aqueles secretários com os quais tinha mais intimidade. Ou mais afeição. Estes ele tratava como um paizão, pois mesmo sendo um homem geralmente carrancudo, de semblante duro, tinha um coração mole como manteiga com aqueles de quem gostava um pouco mais. Ou muito mais, em alguns casos. Waltinho era um deles. Lourinho (Lourival Alcântara) era outro. Ambos não tinham diploma, curso universitário, nem indicação política, mas ambos eram dois pés de boi. Não tinham medo de serviço pesado. - Se eu preciso de que alguma coisa seja bem feita, com presteza, é só entregar para o Waltinho. Ou para o Lourival. Se tiverem que descer ao inferno para cumprir a ordem, eles descem. Aí, posso ficar descansado, não preciso ficar cobrando. - Não foi nem uma nem duas vezes que Toninho me disse isto. E olha que, constantemente, ele ouvia de outros secretários que não devia confiar muito em Waltinho, pois ele bebia muito. ´Por acaso você já o viu bebendo no serviço?´, Toninho perguntava aos que falavam mal de Waltinho. ´Não? Então deixe ele por minha conta´. E era por causa desta confiança que o prefeito tinha nele, que Waltinho nunca o decepcionou. Muitas vezes - e não poucas - ia trabalhar numa tremenda ressaca, mas nunca faltava ao serviço. Sabia que tinha que corresponder à confiança e à amizade de Toninho, por quem tinha grande respeito e admiração. Certa vez, Toninho estava no gabinete conferindo e assinando algumas ordens de pagamento. Ele não assinava nada, mas nada mesmo, sem conferir, mesmo tendo inteira confiança em Joel (Guimarães, secretário da Fazenda). Eu estava sentado conversando com Guarinello (Expedito, chefe de gabinete) quando, de repente, Toninho vira para Guarinello e lhe pede para chamar o Wanderley (Fagundes, secretário de Serviços Urbanos). Não disse para quê. Wanderley demorou, pois estava fora da prefeitura. Tinha saído com Ciríaco (Serpa de Menezes, secretário de Planejamento), para olhar algum problema na obra da Sanitária (Avenida Deputado Esteves Rodrigues), em construção e que seria a maior obra do segundo mandato de Toninho. Por sinal, para muitos, até hoje a maior obra construída em Montes Claros, que pode ser vista da seguinte forma: antes e depois da Sanitária. Quando Wanderley chegou, Toninho lhe entregou uma ordem de pagamento e perguntou: ´que despesa é esta? Não estou entendendo´. Wanderley olhou e logo respondeu: ´são as notas da viagem que fizemos a semana passada a Belo Horizonte, para aquela reunião no DER. Toninho parou o que estava fazendo, olhou para o Wanderley, e lhe disse em tom de censura: ´na nota do hotel consta uma dose de uísque. Vou mandar o Joel estornar. A prefeitura não tem obrigação de pagar uísque para secretário. Você sabe disso. Se você não pode pagar do seu bolso, então não beba´. Wanderley não aguentou e começou a rir. ´ Ora, uma simples dose de uísque, Toninho, que eu peguei no frigobar, à noite, antes de dormir. Nem me lembrei disso na hora de pagar a conta´. Eu e Guarinello, que havíamos escutado a conversa, também achamos graça. Toninho continuou sério, assinando o resto da documentação. Nem deu bola para a explicação de Wanderley. Ele era assim. Economizava o que fosse possível para o município. Ainda que em certos momentos tivesse que passar uma reprimenda em algum de seus auxiliares, como no caso do Wanderley (outro para quem Toninho tinha muita afeição). Talvez por isso, o dinheiro da prefeitura tenha rendido tanto em suas duas administrações, época em que a cidade se encheu de obras, isto num tempo em que os recursos eram bem mais escassos do que hoje. E muitas dessas obras estão aí até hoje servindo à comunidade, como a Rodoviária, o Centro Cultural Hermes de Paula, o Parque Municipal Milton Prates, a Deputado Esteves Rodrigues, o Ceanorte, para lembrar apenas as mais importantes na cidade foi Toninho quem construiu. Segundo ele, ´para amenizar a temperatura´, pois Montes Claros era uma cidade muito árida e quente. Como bom ´mão de vaca´ que era, o lago não custou um centavo sequer para o município, pois Toninho conseguiu que ele fosse construído pelo DNOCS, do qual seu secretário de Planejamento, Ciríaco Menezes, era funcionário. O diretor regional do DNOCS, na época, Luiz Antônio Medeiros, está aí vivo para contar a história. Até porque, sem sua efetiva participação, talvez o lago não existisse. Depois de Toninho, em meus mais de 50 anos de jornalismo, nunca encontrei um homem público que tivesse tanto respeito com o dinheiro do contribuinte. Ao contrário, o que se vê por todos os cantos, em todos os governos, é um tremendo desrespeito com o dinheiro dos impostos, que serve para custear todos os tipos de mordomias, pouco sobrando para o essencial. Com Toninho, mordomia não existia. Nem carro oficial o gabinete do prefeito tinha. Toninho andava no seu próprio carro. Com gasolina paga do próprio bolso. No primeiro mandato, num fusquinha verde; no segundo, num corcel marrom. Difícil de acreditar, mas era assim. Qual prefeito hoje, mesmo dos municípios mais pobres, não tem um carrão da prefeitura para rodar? Por sinal, a maioria dos prefeitos, tão logo se elegem, a primeira coisa que fazem é comprar um carro dos mais caros para a própria locomoção. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, a ser lançado na noite de 25 de fevereiro, no Parque de Exposições, em M. Claros)

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