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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Uma grande visão de futuro O primeiro prefeito de Montes Claros a se preocupar efetivamente com o desenvolvimento dos distritos no município foi Antônio Lafetá Rebello. Antes dele, a única preocupação da prefeitura com a zona rural era o patrolamento e o encascalhamento das estradas. O que se dava, geralmente, uma vez por ano, logo após as chuvas (quando se dava). Com Toninho, quase todos os distritos ganharam escola pública, energia, água encanada, posto de saúde, telefone público e sinal de televisão. E (supremo luxo) asfaltamento nas ruas principais. Toninho costumava dizer que o homem abandonava o campo em busca de conforto nas cidades, pois a zona rural era carente de tudo. Não tinha energia elétrica, substituída pelo lampião e querosene. Água era buscada no rio, em latas na cabeça. A comunicação era feita a cavalo. E como não havia escola, as crianças ficavam sem estudo. Ele entendia que se o poder público levasse tais comodidades à zona rural, o homem permaneceria no campo, que era seu habitat natural. Por isso, uma de suas metas e que ele cumpriu integralmente, era dotar todos os distritos de boas escolas públicas. Construiu escolas em todos os distritos. Seu secretário da Educação, em seu primeiro mandato, Júlio Gonçalves Pereira, tinha ordem de não deixar nenhuma criança sem escola na zona rural. Júlio cumpriu a ordem religiosamente. Por várias vezes viajei com Júlio para visitar as novas escolas construídas, todas da melhor qualidade. Toninho levou também energia elétrica e água encanada a todos os distritos. Em alguns, aqueles mais populosos, como Miralta, Nova Esperança, Aparecida do Mundo Novo e São Pedro das Garças, as principais ruas foram pavimentadas. Alguns distritos ainda ganharam telefone público, para facilitar a comunicação. Tudo isso, nos dias de hoje, seria coisa corriqueira. Na década de 60/70, era um luxo, algo quase impossível. Mas era a forma que Toninho entendia de segurar o homem em seu local de origem, impedindo-o de emigrar para as médias e grandes cidades. Toninho cansava de repetir, para quem quisesse ouvir: - fica muito mais barato manter o homem no campo do que na cidade. Quanto mais a cidade cresce com o êxodo rural, maiores são os problemas. E as soluções muito mais caras. E no campo, o homem está fazendo o que sempre soube fazer, plantar e colher. Na cidade, ele vai ficar desempregado, por falta de qualificação. Sai do campo e vem para a cidade morar em favela. Só cria problema para o poder público. Pena que nossos governantes não tivessem tido o mesmo pensamento de Toninho Rebello. Se na década de 60, a grande maioria da população morava no campo, hoje a situação se inverteu completamente. As grandes e médias cidades incharam, enquanto a zona rural se esvaziou de forma impressionante. O homem do campo foi para as cidades maiores em busca de melhores condições de vida, boas escolas para os filhos, conforto que não encontrava no campo. Por isso, as favelas se multiplicaram nas grandes cidades. Até hoje, aqueles que vivem no campo, sofrem com a falta de infra-estrutura. É comum se ver na televisão, principalmente no Nordeste, as populações rurais sofrerem com a falta d`água. Ou com a falta de boas estradas para o escoamento da produção. Ou com prédios escolares da pior qualidade, caindo aos pedaços. O que sempre me impressionou em Toninho foi exatamente isso: a sua visão de futuro, a facilidade que ele tinha para enxergar o que poderia acontecer mais adiante se algo não fosse feito hoje. Quando ele construiu a nova rodoviária em Montes Claros, muita gente, mas muita gente mesmo comentava: ´pra quê uma rodoviária tão grande. Parece até que a cidade inteira vai viajar´. Realmente a rodoviária era enorme para a época. Mas Toninho estava pensando 30 anos na frente. Ele sabia que Montes Claros iria crescer muito, por sua localização privilegiada, como segundo entroncamento rodoviário do país, e pelas indústrias da Sudene, que atrairiam milhares de pessoas em busca de emprego. Até o ´boom´ do ensino universitário ele previa. Lembro que certa vez ele disse para Eustáquio Machado, que fora ao seu gabinete convidá-lo para uma solenidade na Escola Técnica: ´sua escola vai virar faculdade logo, logo. Não demora Montes Claros será capital também do ensino superior, como acontece em toda cidade industrial´. Algum tempo depois, sua previsão se realizaria. A industrialização até murchou um pouco, com o fechamento de algumas indústrias, mas o ensino superior cresceu como um foguete. Hoje, a cidade conta com várias universidades privadas, além da Unimontes (que é estadual), com quase 40 mil universitários ao todo. Pena que o poder público municipal, depois de Toninho, não conseguiu (ou não soube) acompanhar o crescimento acelerado da cidade. Talvez, quem sabe, os administradores que vieram depois não tivessem a mesma visão de futuro que foi sempre a marca registrada de Toninho. Com certeza não tinham, até porque como políticos, todos pensaram mais na carreira política do que no futuro da cidade.Todos se deram bem, enquanto a cidade... (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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