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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Quando Montes Claros tinha carnaval Muita gente que mora hoje em Montes Claros acreditaria que a cidade já teve um dos melhores carnavais do estado, sem dúvida o melhor da região? Há bastante tempo, aqueles que gostam de carnal e moram em Montes Claros, têm que buscar a alegria da folia momesca em outras plagas. Quem tem mais recursos vai para o Rio, Salvador, Recife, Porto Seguro, locais famosos por seus quentíssimos carnavais. Quem quer gastar menos, se contenta com Januária, Pirapora, Janaúria, Pirapora, Janaúba ou Grão Mogol. O carnaval em Montes Claros acabou há muito tempo, mas já tivemos carnavais memoráveis na cidade, na década de 1970, quando Toninho Rebello era prefeito. Montes Claros já chegou a ter cinco grandes escolas de samba naquela época, a maior delas a Academia de Vila, sob a batuta do empresário Geraldino Gonçalves Coelho, um entusiasta do carnaval e que ia pessoalmente ao Rio comprar todas as fantasias para a sua escola. A prefeitura financiava uma grande parte, mas muito saía do próprio bolso de Geraldino, que fazia questão de que sua escola fosse sempre a grande campeã do carnaval montes-clarense. Além da escola de Geraldino, mais outros quatro bairros estavam sempre representados no carnaval: Alto São João, Roxo Verde, Morrinhos e Santos Reis, todos com suas escolas de samba da melhor qualidade. Toninho Rebello achava importante que a cidade tivesse seu carnaval, por vários motivos: 1º) para que a cidade não se esvaziasse no período momesco, causando prejuízos para o comércio; 2º) para que a população mais pobre, que não tinha condições de viajar para fora, pudesse também brincar seu carnaval, festa que está no sangue do brasileiro; 3º) e para atrair turistas para Montes Claros, o que era importante economicamente para a cidade. Por isso, achava necessário que a prefeitura desse total apoio aos carnavalescos, para a montagem de suas escolas, pois sem a contribuição do poder público não haveria carnaval. O desfile das escolas de samba se dava na Avenida Coronel Prates, ficando o palanque com as autoridades e com a comissão julgadora bem em frente ao prédio da prefeitura. Em parte da avenida construíam-se arquibancadas para o povão. Por diversas vezes participei da comissão julgadora, a convite da municipalidade, junto com Zezé Colares, Reginauro Silva, Marina Lorenzo Fernandez, Lazinho Pimenta, Theodomiro Paulino, Milene Maurício e outros de quem não me recordo. O julgamento copiava muito o que se vê até hoje no Rio, com as notas sendo dadas à bateria, à comissão de frente, ao samba-enredo, ao mestre-sala, à harmonia e assim por diante. A escola de Geraldino Coelho ficava sempre em primeiro: era a mais rica, a com maior número de desfilantes, as fantasias mais bonitas e luxuosas. Mas as outras também não ficavam muito atrás. Sei que era um luxo só, como diriam os colunistas sociais! Eram mais de quatro mil pessoas envolvidas com as escolas, fora os blocos caricatos. Toninho gostava de carnaval? Não, não gostava. Mas sabia da sua importância para a cidade, pelas razões já citadas. Então, acreditava que era importante a participação do poder público municipal. E ele não fazia isso por demagogia ou populismo. A prefeitura financiava as escolas de samba não para agradar eleitores, para angariar votos, mas porque Toninho entendia que a festa era produtiva para o município no aspecto econômico, de lazer para a população e de incentivo ao Turismo. Os prefeitos que vieram depois deixaram o carnaval morrer. Deviam pensar diferente, talvez achando que investir no carnaval fosse jogar dinheiro fora. Quem saiu ganhando foram outros municípios, como Janaúba, Grão Mogol, Januária, que passaram a realizar suas festas e a atrair milhares de turistas para suas folias. Pirapora, desde àquela época, já tinha um bom carnaval, famoso em todo o estado. E o nosso carnaval não era feito apenas das escolas de samba. Muitos blocos caricatos eram formados e também participavam dos desfiles na Avenida Coronel Prates. Em seu bom livro ´A Baixada, nosso berço´ o escritor João Afonso Maurício relembra com saudade os tempos do ´Bloco do Chulé´, que ele formara com alguns amigos e que foi crescendo com o tempo, chegando a ter mais de 600 componentes. Outro bloco famoso que participava de todos os carnavais era o Destak, lá do bairro Morrinhos. Havia muitos outros, cada bairro queria ter o seu, e o carnaval na cidade era de fato um dos melhores do estado. Não apenas o carnaval de rua, mas também o dos clubes, especialmente o do Automóvel Clube. Tudo isso acabou por descaso (ou desinteresse) da prefeitura, ficando apenas a saudade dos bons tempos em que Montes Claros tinha carnaval, dos mais animados, graças à visão de Toninho, que sabia muito bem que administrar não era apenas fazer obras, mas também apoiar a cultura popular. E há algo de mais popular no Brasil do que o carnaval? Depois que Toninho deixou a prefeitura, Geraldino Coelho lu ou muito para que a prefeitura continuasse participando financeiramente do carnaval da cidade já que sem o apoio da municipalidade as escolas de samba não tinham como se manter. Infelizmente, não conseguiu convencer o prefeito Tadeu Leite, nas mãos de quem o carnaval de Montes Claros não sobreviveu. Interessante: no governo do prefeito que era considerado ´da elite´ (por ser um homem rico) o carnaval, uma festa popular, sempre existiu. Já no governo do prefeito considerado ´dos pobres´, o carnaval morreu. A diferença talvez fosse que um tinha visão, enquanto o outro andava de antolhos. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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