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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 25 de abril de 2024
 

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Mensagem: UBUNTU! * Marcelo Eduardo Freitas A filósofa política alemã judia, Hannah Arendt, que conseguiu fugir dos campos de concentração nazistas na 2ª guerra mundial, afirma que ´a essência dos direitos humanos é o direito a ter direitos´. Sem direitos, toda a humanidade será falha!  É, assim, por conta do reconhecimento de direitos que nos deparamos hoje com uma sociedade minimamente organizada, democrática e empenhada em maximizar proteção a minorias historicamente desrespeitadas. Temos, desse modo, os Estatutos do idoso, da criança e do adolescente, do consumidor, leis específicas de salvaguarda e valorização da mulher, do negro, enfim, nos cercamos de prerrogativas importantes para uma melhor convivência em sociedade. Lado outro, não se pode deixar de ressaltar, estamos atravessando uma etapa de nossas vidas em que nos deparamos com pessoas que acreditam que o ´direito a ter direitos´ sobrepõem-se a quaisquer direitos alheios. Alguns julgam que podem solenemente ultrapassar vários limites, desrespeitando garantias consagradas de terceiros, exclusivamente para que o objetivo almejado seja atingido. Os fins, assim, mais do que nunca, estão sendo utilizados para justificar os meios! Isso é preocupante! Todos sabemos que o ser humano, animal racional, é egoísta por natureza. Não foi senão por essa razão que Oscar Wilde dizia que ´egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos´. Muitos de nós, destarte, nos sentimos no direito de desrespeitar a prerrogativa do próximo sem qualquer receio ou pudor, tudo em favor do nosso próprio benefício. E é aí que surge uma avalanche de problemas pessoais, sociais e culturais, relacionados com essa perspectiva egoísta de se ter direitos, a chamar a atenção de toda a coletividade. O trânsito, nos grandes centros urbanos, é um bom observatório sobre o quanto estamos sendo animalizados. Todos se preocupam em ocupar espaços e passar por cima de tudo (que os digam os motoqueiros sobre os motoristas), ou desviar de tudo sem olhar pelo retrovisor, passando da direita para a esquerda em um zigue-zague frenético (que os digam os motoristas sobre os motoqueiros). Ninguém pode ceder lugar. Não há respeito ou generosidade. Será essa a regra? E quem tem mais direitos? Até que ponto o meu direito não está prejudicando a vida ou a incolumidade de outrem? Isso não conta? São muitos os corpos estendidos ao chão em razão de acidentes que facilmente poderiam ser evitados! Auguste Comte, filosofo francês fundador da Sociologia e do Positivismo, ensina-nos que ´a moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas´, e é neste ponto que gostaria de livremente retratar um pequeno conto, a fim de melhor expressar a ideia central proposta no texto. Assim o faço: Um antropólogo inglês, certa feita, decidiu por estudar o comportamento em sociedade de uma determinada tribo africana. Ao cabo dos estudos, propôs uma brincadeira às crianças daquele pequeno lugar: colocou uma grande quantidade de doces em uma cesta e sugeriu uma corrida. Aquele que chegasse primeiro levaria a cesta com os doces para si. Ele alinhou as crianças, que estavam prontas para correr, e bradou: um, dois, três e... Já! Todas se deram as mãos, correram juntas até a cesta, a pegaram juntas e comemoraram unidas. Sem vencidos nem vencedores! O antropólogo olhou curioso e uma das crianças disse: ubuntu tio! Nenhum de nós poderia ficar feliz se todos os outros iriam ficar tristes! Para os africanos, ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo. Trata-se de um conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade. Significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os homens. E é, assim, nessa essência pueril de amor ao próximo que devemos refletir sobre a possibilidade de transformação do mundo ao contemplarmos não somente o direito individual, mas também o direito alheio, daqueles que posso ajudar ou, pelo menos, não prejudicar. Nossas condutas devem refletir não só a necessidade de direitos, mas também o nosso compromisso com o dever. Dalai Lama afirma que o ´egoísmo causa a ignorância, a cólera e o descontrole, que são a origem dos problemas do mundo.´ Que sejamos mais solidários, mais humanos, que possamos irradiar o bem a todos que passam por nossas vidas, pois só assim, através de uma espécie de ato reflexo comunitário, nossos direitos serão respeitados. Não por imposição estatal, mas por educação social, tão necessária em nossos tumultuados dias. Que sejamos, pois, uma sociedade ubuntu! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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