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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: VENDA DE VALDIVINO Dia morno na Jaíba. O sol se pôs arrastado, vermelho, deixando turvo de ferrugens o bordeado do horizonte. Foiceiros e vaqueiros, como de costume, largaram o trampo e se dirigiram à venda de Valdivino para lavar a goela e fazer a resenha do dia, na paz. De repente parou na porta da venda a Veraneio empoeirada e amassada da polícia de Itacarambi, conhecida como “Lady Laura”. O Delegado Abrantes desceu decidido, costeado por dois PM`s, ressabiados, com as mãos apertadas sobre as armas. Foi direto ao proprietário, sem rodeio: - Que lambança houve aqui, Seu Valdivino? Que abatedouro foi esse? - Calma, Seu Delegado! Num foi nada não. Senta um pouco nesse banco que eu lhe conto a história todinha. Mas se assossegue, pois de estampido assim eu posso num alembrá duns detalhe, dotô, mesmo tendo muita gente aqui que assistiu e participô da lambança, como o senhor disse... Certo é que, depois da lida, a peãozada estava toda esparramada pela venda, uns no gole, outros no truco e os de sempre contando mentira, até que Crispim de Josefa, aquele corno escurraçado do Brejo do Mutambal, ignorô, assim do nada, nadinha, meteu a mão no balcão e coiceou: - Aqui na Vila Florentina não tem homi!... O pessoal ficou ressabiado, mordido, estranhando o vomitório sem termo, aquele despautério. O chifrudo, então, voltô a relinchar: - Eu sabia, aqui não tem macho messsmo, devia tudo andar de saia... Andalécio, na sinuca, não suportou o desaforo do desafeto antigo e, sem titubear, num giro, afundou o lado grosso do taco na cabeça do Crispim de Josefa, que caiu no chão se batendo que nem galinha quando imolada. No reflexo, o junta de canga de Crispim, parceiro de foice dele lá no Brejo, conhecido por Varmir, grunhiu de lá e passô a sua afiada ferramenta de trabaio no cangote de Andalécio, que desabô pra escanteio. O companheiro de sinuca de Dalécio, de apelido Zé do Grilo, metido a valente, num solavanco arrancô sua peixeira, empurrô Varmir até as pratelêra e furou ele que nem peneira. Fuc-fuc-fuc. E isto tudo num vapt vupt, pois o filho mais graúdo de Varmir, em defesa do pai, avançô na balança da venda, pegô o maior peso, de quilo e meio, e afundô nos miolos de Zé do Grilo. Deu pra ouvir até o crec do arco da moringa. Até aí, nos conforme, briga deles e eu não queria tomá partido. Mas Ednaldo pôs fogo na fervura ao pegá a faca de retaiá porco, deixada no balcão, e partiu pra cima de Nêgo de Ramiro, meu parente afim, pro mode de coisa antiga, de muié, seu Delegado. Então começaram a misturá as coisa, a ressucitá véias mal querência, que não procedia no momento. Naquele ingranzéu, não é que Durvalino, lascador de aroeira, jararaca de espera, se irritô também e machadô uma das perna de Ednaldo? E ieu, até então sem querê tomá partido, instigado naquele redemoim de desavença, comecei a me sentir dentro da confusão. Eles soprando tição de fogueira e eu aqueçeno, né? Por precaução palpei minha peixeira, prumei ela e ajeitei a menina pr`alguma serventia anunciada. No rebuliço, a muié de Ednaldo, chamada Carmina, chegou por trás de Durvalino madeireiro, abraçou ele qui nem tamanduaçu, puxô a cabeça do coitado pelos cabelo e degolô o vivente num corte só. Sangue espirrô que nem esguicho de égua, tintando o chão de minha venda. Aí não teve jeito, seu Delegado, eu e uns chegado, todo mundo de siso, já com a baba grossa dispindurada, se arrevoltemo. Lambança até certo ponto, né, dotô? - Hum! Mas e aí, Seu Valdivino? -Aí nós arretemo e tomemo partido. Foi quando a briga começou.

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