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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: Historia com Hélio Garcia Existem inúmeras historias de Hélio Garcia relacionadas com a imprensa, que certamente ainda serão contadas. Eu também tenho algumas. Em uma delas, acabei sendo protagonista. Na campanha para governador em 1990, no primeiro turno, o experiente Garcia, candidato pelo PRS (criado por ele) teria como principal concorrente Pimenta da Veiga, que tinha sido ´alijado´ da disputa estadual em 1986, ao ser derrotado por Newton Cardoso na convenção do PMDB. Já filiado ao então recém-fundado PSDB, depois de afastar-se da prefeitura de Belo Horizonte, Pimenta dava a impressão de que teria lugar assegurado no segundo turno. Mas, surpreendente quem passou para encarar Hélio Garcia na segunda etapa da eleição foi um xará dele, Hélio Costa, do PRN de Fernando Collor de Mello, tendo como candidato a vice José Aparecido de Oliveira. Veio a disputa do segundo turno. Na reta final da campanha, quando parecia que tudo estava tranquilo e favorável para ele, Hélio Garcia - que não era muito chegado ao batidão das viagens ao interior, teve que entrar em um helicóptero e fazer uma espécie de ´pinga-pinga´ nos municípios. E uma das cidades escolhidas para as visitas do ´heliocóptero´ foi Montes Claros, onde eu era ainda um iniciante na profissão de repórter,mas já trabalhando para um jornal de Belo Horizonte. Naquele tempo, em épocas de eleiçao, existia um ´costume´ de políticos locais (prática ainda adotada) contratarem jornalistas para atuarem como ´assessores´ nas campanhas politicas. Por questão de ética, já deixei de ganhar um bom dinheiro com isso. Então, com cara de menino (pela recém-saída da adolescência, não propriamente levando em conta o tratamento do ´doutor Hélio´, que gostava de chamar todo jornalista de ´menino´), muito franzino e, as vezes, não vestido propriamente adequado para os eventos com presenças de figurões (por falta de recursos mesmo), apesar de novo ramo, eu era considerado tipo de ´foca´ ´entrão´ e ´questionador´. Neste aspecto, despertou em mim uma grande curiosidade para saber o ´porquê´ das viagens repentinas de Hélio Garcia ao Norte de Minas as vésperas da eleição,se toda noticia que eu recebia é que ele tava muito bem na preferência dos eleitores da região, cujos votos, tradicionalmente, vão para onde os chefes políticos locais (os prefeitos, na grande maioria) apontam. Não sei como, acabei descobrindo que tinha saído uma pesquisa do Instituto DataFolha, em SP, apontando que Hélio Garcia teve uma pequena queda nas pesquisas e apesar da estrutura de apoio que contava (aí, incluindo aí, a força de empresários da construção pesada, ou melhor, de empreiteiros), corria o sério risco de perder para o outro Hélio. Naquela época, quando ainda não existia internet, esse tipo de informação, oriunda de SP, só chegava ao interior de Minas no dia seguinte - se não fosse divulgada pelo rádio ou pela televisão. De tal forma que o candidato e o comando da campanha dele jamais imaginariam que um ´foca´ do Norte de Minas tinha conhecimento da ´informação negativa´. Para todos os efeitos, fazia a peregrinação pelo interior somente para agradecer os apoios. Pois bem, quando Hélio Garcia chegou para dar ´entrevista coletiva´, só apareceram perguntas ´levanta-bola´, do tipo ´governador, o senhor, como grande lider de Minas, qual sua principal meta?´, ´As grandes obras vão voltar?´ ´a cidade tal será atendida´ e assim por diante - boa parte delas, claro,feita por jornalistas contratados pela própria coordenação de campanha. De repente, apareço na frente dele e questiono: ´doutor Hélio, o Senhor está vindo ao Norte de Minas agora porque caiu nas pesquisas?´ Foi um silêncio geral no saguão do aeroporto, onde prefeitos, deputados e cabos eleitorais se acotovelavam na disputa do espaço. Com sua experiência (depois, acabei percebendo que a velha raposa costumava sempre repetir o mesmo comportamento quando era colocado diante de perguntas complicadas), Garcia olhou pra cima, retirou uma gota de suor da testa e começou a perguntar de maneira frenética: ´quem é este menino? Ele é contra mim? De onde saiu este menino?´, com os assessores e outros correligionários querendo fazer a ´apresentação´. Resumindo: a pergunta não foi respondida e Hélio Garcia venceu a eleição. Recordei deste episódio somente para registrar que, com a morte de Hélio Garcia, ocorrida em 6 de junho de 2016, Minas Gerais perdeu uma das maiores lideranças politicas de sua história.

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