Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 26 de abril de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: “É o que sinto meu senhor, Não me queixo de ninguém, O que falta aqui é chuva, Mas um dia eu sei que ela vem.” Hoje ao acordar o som do rádio era de sanfona, triângulo, e a zabumba. A voz inconfundível de Luis Gonzaga apontava o tempo, que tão distante me roubou as datas, trazia-me o momento real, só aí que me dei conta desse ponteiro desesperado que empurra a vida da gente, embora no entorno tudo toca, tudo é caixeiro viajante, tudo é casa de reboco e uma asa branca, que plana na melancolia de um assum preto. Uma preguiça ritmada já se ia, pois, os oito baixo já me colocara de pé no sertanejo que sou, da aridez de onde venho naquele pontinho que um dia foi tímido no mapa, que já levou mais de ano sem chover, e o embrutecimento era de dar dó. O carro pipa passava e distribuía água, enquanto a aguardência da quentura embriagava nossas promessas, poeirão de tantas incertezas, e aquele marron borrando um pouco mais o coração, mas o coração era o de Jesus, e o santo de São Romão, a secura de Pirapora, e havia pontos claros nos montes que às vezes vinha de Bocaiúva. Nada importa ao sertanejo, tirante a chuva, a não ser lamentar suas doídas dores dos dias rachados , que vieram comigo também e foram acordados por esse sufoco do fole, que traz essa tristezinha, sobretudo, quando marca o triângulo, essas notas combinadas e arranjadas me racham os pés, sempre senti isso. Nessas horas é que sei onde está morto e onde está vivo, não necessariamente nessa ordem, mas sei o que é e o que não é. O sertanejo é um pouco disso, e um pouco de tudo que ainda não sei o que é, mas que é, isso lá é. Fiquei pensando, enquanto comia uma batata doce, essa sanfona quando o braço estira faz um som, na volta já é outro, é como piscar o olho e depois cair a lágrima, sempre uma combinação justa, canta o lamento e a esperança, a tristeza e a fé da florada, o boi escorado e o leite brotando da terra. Aquietei-me, para não pensar que algum dia o sertão possa virar mar, e o mar virar sertão. Vou pensar melhor porque acho tão semelhante, na tristeza, do ritmo que Luís canta com o tango e seguir o dia! Bom dia!

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima