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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 25 de abril de 2024
 

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Mensagem: MONTES CLAROS Nem tão antigamente, na Escola Normal Alberto Sena Este prédio da antiga Escola Normal Professor Plínio Ribeiro, de Montes Claros, tem enorme importância para uma pá de gente, simplesmente porque guarda parte da história de vida de gerações de estudantes que lá esfregaram seus respectivos fundilhos nas carteiras individuais. Três fileiras, uma carteira atrás da outra. O quadro onde os professores escreviam a giz, chamado negro, era verde. Por meio do exercício da boa memória, companheira minha de toda hora, posso me ver, a mim e aos colegas, bem nessa sala com janelas para o Beco da Vaca, no andar de cima. Uma espichada no fio de memória, e nele vem nomes de pessoas da turma, como os irmãos Ricardo e Fernando Deusdará, Virgínia Barbosa, Saulo Wanderley, Marco Antônio Rocha, Oselita Barbosa, Antonilda Canela. Lembro-me, inclusive, de Carlos Alberto Prates e Alberto Graça, mas estes foram de passagem como cometas. Recordo pessoas conhecidas que pela Escola Normal daquela época, década de 60, lá estudaram. Mas a intenção desta vez é debulhar lembranças do sobrado em si. Não vem ao caso mergulhar em sua história porque a essa altura seria chover no molhado. Se bem que em se tratando de Montes Claros, chover seria bom considerando a secura do tempo e a nossa precisão de águas dos céus para nos abençoar. Olho para o sobrado neste estado denunciado pela foto e fico a imaginar o quão importante – e ponha importância nisso – foi a restauração dele para servir hoje de abrigo ao Museu Regional do Norte de Minas (MRNM), depois de ter sido Fafil. Como no momento juntos espichamos o fio de memória, imaginemos – eu, tu, nós, vós, eles – que em vez de ter sido restaurado, o sobrado estivesse ruindo como se fora um gigante se exaurindo diante dos olhos indiferentes das autoridades e da população. Um escândalo. Só os escombros. Percebem o vazio? Do espaço e das lembranças de milhares de pessoas que subiram e desceram aquelas escadas de madeira e assoalho, fazendo ruído semelhante ao do gado transportado em vagões da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB). Já nem sei mais o que existe da Montes Claros de ontem em meio à cidade que cresce para cima, como se ganhar o epíteto de “capital” fosse sinal de progresso e desenvolvimento – de fato é, mas pelas metades. Que progresso e desenvolvimento são esses que privilegiam poucos em detrimento de muitos? Aqui, no meu bestunto, tenho seguinte opinião: as cidades tinham de ser feitas tendo em vista o bem estar das pessoas. Lugar onde os cidadãos indistintamente pudessem usufruir de espaços, jardins, parques. Sem tanta máquina poluidora dos ares. A Organização Mundial de Saúde (OMS) fez recentemente o alerta: os ares das grandes cidades estão envenenados. Montes Claros construída nesse planalto corre esse risco. As pessoas passam a morrer a partir das narinas – porque pela boca tanto se pode morrer de morte natural como envenenado pelos agrotóxicos utilizados nas lavouras. Penso, aqui, com as minhas mangas de camisa, que precisava informar a quem interessar possa, o sobrado foi construído em 1886 para ser residência e comércio do coronel José Antônio Versiani (Juca Versiani), o que deve ter pesado na hora de decidir sobre a sua restauração. Mas me respondam uma coisa: por que outros imóveis antigos não receberam nem recebem o mesmo tratamento dado ao sobrado da Escola Normal? E as casas da Rua Justino Câmara, ali perto, por que não foram restauradas? Além de formarem conjunto bonito, se restaurados fossem, são como testemunhas mudas de um tempo em que se podia enxergar os céus de Montes Claros, agora empanados pelos edifícios, onde o morador do apartamento de cima não conhece o de baixo. Enfim, a história desse sobrado está umbilicalmente ligada à história de Montes Claros e, por extensão, a história do sertão norte-mineiro. Inda bem que hoje a imagem dele é diferente desta fotografia. Assim, no olhômetro, a impressão é a de que ele correu sério risco de desabar. Na época de estudante, na referida sala com janelas para o Beco da Vaca, durante a aula de História, dada pelo professor Pedro Santana, de repente uma parte do antigo forro desabou após um estalido denunciador. Foi aquela correria para fora da sala achando que o resto em seguida cairia sobre nossas cabeças. Se me permitem dizer, a essência da intenção era mesmo mostrar a importância da restauração do que para nós representa a nossa própria memória. Uma pessoa sem memória está acometida pela “Doença do Alemão”, conhecida por Alzheimer. Uma cidade sem memória é uma tristeza. No mínimo.

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