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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 17 de maio de 2024
 

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Mensagem: ´Seg 01/05/17 - 8h18 - Montes Claros perde Lígia Chaves, exímia letrista e intérprete. Filha do poeta e seresteiro João Chaves. Autora de Senhora de Guadalupe, primorosa canção de fé´ Com a partida da segunda das quatro filhas do poeta insuperável de M. Claros, João Chaves, (a primeira foi Chavinha, ainda criança, em Bocaiúva), algumas reflexões se tornam mais vivas: 1 - Nenhuma família exerceu tanta influência intelectual sobre a civilização estabelecida nos Montes Claros como a família Chaves. E também influência na vida administrativa, ainda no Império. Com efeito, o Cônego Chaves, patriarca da família, logo depois de chegar de Minas Novas, atuou politicamente e foi administrador da cidade, por décadas. Aqui, ninguém exerceu o poder tão demoradamente como ele. 2 - Era comum que padres tivessem famílias e muitas famílias de M. Claros tem aí a sua origem fecunda. O cônego Chaves teve filhos e o clã se mostrou enormemente influente nas letras, na política e na administração pública, embora isto tenha ficado razoavelmente encoberto em função de uma modéstia exemplar que se vai fixando no tempo. 3 - O historiador Hermes de Paula nunca vacilou ao responder a pergunta - quem é o maior de todos os montes-clarenses? Devolvia, no rastro: Antônio Gonçalves Chaves. O mesmo Dr. Chaves da hoje aviltada Praça da Matriz. Foi governador de Santa Catarina, governador de Minas Gerais, juiz, promotor, e Ruy Barbosa o chamava de ´´meu mestre´. Foi responsável pelo Direito de Família no Código Civil de Clóvis Bevilacqua, de 1917. Sua descendência é ilustre também no Rio Grande do Sul que orbitou os dias de Júlio de Castilho. 4 - Sobrinhos de Antônio Gonçalves Chaves, os irmãos João Chaves e Hermenegildo Chaves levaram o nome de M. Claros às alturas, nimbados sempre de uma modéstia que comove. João, como jurista sem jamais ter frequentado faculdade, dos mais brilhantes, altíssimo, além de poeta e compositor de algumas das modinhas mais bonitas do Brasil. Suas músicas são cantadas há quase um século, por toda parte. Entre elas, Amo-te Muito, O Bardo e Eterna Lembrança. Hermenegildo, mais novo, é mestre entre os mestres do jornalismo brasileiro e um dos nomes da cumeeira mais alta do humanismo mineiro, embora também só tivesse o ensino primário, eternamente chamado pelo nome resumido de Monzeca - e nada mais. 5 - Ontem, na despedida da filha de João Chaves, na lousa simples que abriga as relíquias do poeta, da sua exemplar mulher Mercês, dos filhos Chavinha, Henrique e Sidney Chaves, uma vez mais o cemitério de M. Claros ouviu, ao anoitecer, as belas modinhas Amo-te Muito e Tão Longe, de Mim Distante, esta de Bittencourt Sampaio. 6 - Fechando a Cerimônia do Adeus, uma voz, acima de todas, ergueu-se na quase noite. A voz de Lígia Chaves, cantando numa gravação Senhora de Guadalupe, melodia dela, letra dela, e afinação dos anjos. Inútil pensar que pessoas assim morrem. Apenas a forma se desfez, e nada mais - ensina, repete, convence e arrasta a tradição de fé mais fecunda da história, há milhares de anos. Há festa no Céu.

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