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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: Em tempo de Alphonsus Manoel Hygino O rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, há dois anos, tem inspirado os que conhecem Mariana ou lá nasceram, desfrutando inesquecíveis lembranças. A primeira vila e cidade de Minas é fonte de ricas reminiscências carinhosamente preservadas no coração de sucessivas gerações mineiras. Há poucos dias, Aristóteles Atheniense fez publicar um belo relato da vida de um celebrado juiz-poeta, apresentado em sessão da Academia Campinense de Letras. Aparece agora em opúsculo que traz como título somente “Alphonsus de Guimarens”, nascido em Ouro Preto, no dia 24 de julho de 1870, para falecer ali bem perto, no antigo Ribeirão do Carmo, no mês também de julho, no dia 15 em 1921. O poeta Afonso Henrique da Costa Guimarães fez estudos no Liceu Mineiro, na cidade natal, e, em 1887, dez anos antes da inauguração de Belo Horizonte como sede do Governo de Minas, já fazia versos e amava a prima Constança, filha de Bernardo Guimarães. Um grande amor, não fora tão curta a vida, já que ela morreu prematuramente, aos 17 anos, passando a tema e forte referência na poesia do namorado. Aristóteles, ex-presidente da IAB-MG por dois períodos, do IAB- Nacional e do Instituto dos Advogados Brasileiros, dentre outros títulos, hoje preside a Academia Mineira de Letras Jurídicas e colabora na imprensa, com frequência. Lembra a pacata vida de Alphonsus em Mariana e o sofrimento consequente da perda irreparável. “Era de tarde. O sol no poente/Baixava lento. A noite vinha/ Ela tossia, estava doente.../Meu Deus, que olhar o que ela tinha!”. Iniciando o curso de Direito em São Paulo, colou grau na Faculdade Livre de Direito de Ouro Preto, em 15 de julho de 1894 – o mês o marca sobremaneira. Promotor de Justiça em Conceição do Serro, onde já se encontrava o primo, Antônio Augusto de Ataíde, juiz da comarca, não fez “nenhuma acusação no júri, absolutamente avesso a falar em público e ainda mais avesso a acusar...”, como observou o filho João Alphonsus. Dias difíceis, com a esposa Zenaide dividindo a dor pela sua dificuldade no exercício da atividade ministerial, até vê-lo “empalidecer, escorregar na cadeira, abandonar o corpo sem forças, como sem vida: desfalecer”. E mais: juiz substituto da comarca, viu o cargo ser extinto, largando-o desprovido de recursos para manutenção da família. A filha, que teve o nome da amada falecida, Constança, antecedeu-lhe à morte em dois meses. Barrado no projeto de juiz municipal por adversários políticos do dono do jornal “Conceição do Serro”, foi nomeado para Mariana, de que há um registro do filho João Alphonsus: “Fora transportado numa viagem de doze dias, acompanhado a remoção do pai, magistrado pobre, entre duas comarcas longínquas, em dois caixotes do tamanho de leitos infantis, ao fundo colchões e travesseiros, pendurados na cangalha, de um burro lerdo e passante, um preto, a pé, puxando o cabresto de sol a sol...”. O comentário final de Atheniense: “Numa madrugada, em 1959, então acadêmico de Direito, indo visitar meu pai, Lafayette, à época Juiz de Direito em Ponte Nova, detive-me no caminho que passava por Mariana, saltei o muro e penetrei no Cemitério Municipal. Ali estava escrito o verso que Alphonsus escolhera para o jazigo: “A mih’alma é uma cruz enterrada no céu”.

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