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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: Mangaritos e araruta Iara Tribuzi A noite gelada me obriga a ler na cama, e encontro a notícia da programação do Globo Rural, a que sempre assisto - falarão de mangaritos e araruta. As palavras fazem emergir mundos antigos, que me pareciam para sempre perdidos. Tio Cyro dos Anjos descreve em ´A menina do Sobrado´ a mesa de pereiro branco do Vovô Antoninho - Coronel Antônio dos Anjos, e as refeições muito frugais de Sá Rosinha, naquela época de soberbos assados e leitões pururucas, rodeados de riquíssimas farofas e frituras. O medo da friagem foi maior que o impulso de ir ao outro quarto buscar o meu exemplar do livro. Na manhã seguinte liguei para o primo João Carlos, que mora no Rio. -Ô, João, você se lembra de mangaritos? - Lembro e tenho saudades deles, cozidos na calda queimada ... Prosseguimos, mergulhados em sobremesas antigas - ovos nevados, creme de cálice, mandioca cozida com melado. Prometo um almoço de lembranças, quando ele vier a BH. O programa abordou a cultura dos mangaritos, araruta e ´cará de moela´, que estão plantando em Pindamonhangaba /SP. Voltaram à moda nestes tempos de abstenção do glúten. Ensinou apenas uma receita com os mangaritos, um risoto bem diferente. Não faz mal. Minha avó paterna fazia uma delicadíssima brevidade de araruta, que depois de assada era cortada em losangos e torrada no forno para o desjejum do meu pai, seu único filho. Também fazia pão de Ló, que levava farto caldo de limões. Gosto das cozinhas antigas - do fogo, do leite que fervia nos tachos e emanava um cheiro adocicado, da água enfumaçada da chaleira, das bananas que assávamos na chapa quente, dos beijus, e até das beldroegas, brotadas no quintal com as primeiras chuvas. As espigas de milho verde eram espetadas num ferro e assadas nas brasas, e miolos dos marmelos postos na chocolateira imensa, para virar geléia. - Tem de ser no fogo manso, ponderava Vó Milota. Havia um grande buião de barro, para aquecer a água dos banhos e prover a grande jarra de louça da sala de visitas. São minhas lembranças mais preciosas. Aprendi a cozinhar sem dificuldade alguma. Sinto imensa saudade dos quintais e da chácara da fazenda. De repente a jabuticabeira avistada da janela se cobria de uma névoa branca- era a floração. Aos domingos vejo o Globo Rural. No domingo anterior apareceu uma mula que foi passar uns tempos noutra fazenda, voltou amojada e pariu um burrinho preto - não é coisa de fim do mundo? Cruzes! Iara Tribuzzi Final do Outono de 2017 Telefone: (31) 32212619

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