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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de março de 2024
 

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Mensagem: NADAMOS NO MESMO RIO A verdade é que, nos silêncios de nós mesmos, nos bastidores de nossas almas, vamos urdindo as tranças de nossas sagas com os sonhos roçando as estrelas e os pés, tantas vezes, pisando em cardos e solos bastante incertos. Não há nada de previsível em nossas vidas. Elas simplesmente vão fluindo como os rios em remansos, rochas, abismos e ventanias. Hoje tudo está colorido. O sol brilha radiante. Amanhã, nas trilhas tortas de nossas andanças, as tempestades e as noites negras nos pegam pelo caminho. Não há como mudar isso. Podemos mudar a nós mesmos, as nossas atitudes, os nossos pensamentos diante dos acontecimentos que, tantas vezes, nos atropelam. Não há, porém, como mudar o curso da vida. Ela é como é: efêmera e em eterna mutação. Todo ser humano que pensa com profundidade, se dedica à reflexão, é tomado pela angústia. Aliás, a angústia é característica das grandes inteligências, dos gênios, dos artistas. É a angústia que nos leva a criar. A vida aqui é pouco para quem pensa. Por isso existe a Arte e a necessidade da transcendência. Necessitamos explodir de alguma forma e o fazemos num poema, numa pintura, numa escultura, numa música, seja lá como for. A angústia persegue o filósofo e o poeta principalmente. Somente os bobos são alegres sempre porque vivem na superficialidade. Mas, mesmo esses têm os seus dramas, vivem suas noites de agonia porque a dor não poupa ninguém. A dor nos iguala a todos. A resplandecência do mundo que nos encanta, ao mesmo tempo, leva aqueles que têm a cognição intrépida a se depararem com as perguntas sem respostas, as dúvidas, as incongruências. O desconhecido nos fascina e nos atemoriza. É difícil para o ser humano abandonar a sua zona de conforto e segurança. Durante toda a minha vida tenho percebido traços de melancolia e de angústia em todos os grandes homens que conheci no meu dia-a-dia, assim como na História da Humanidade e nos grandes pensadores. Freud e Jung, dois grandes gênios, costumavam desmaiar ao comprar uma passagem de viagem. Nietzsche e Schopenhauer sofriam muito com suas crises de angústia. O grande problema é que nós, pobres mortais, não somos mais que uma mísera partícula no Universo e, no entanto, imaginamos dominar o campo do Conhecimento quando o que sabemos de tudo é apenas uma ligeira fresta da Verdade. Conhecemos a ponta do iceberg. Acredito sim que a Fé nos sustenta, não a fé cega e pueril de ídolos e rituais, mas a Fé que se alicerça na Lógica e na Espiritualidade verdadeira e profunda. Entretanto, quando se pensa demais, todos nós temos momentos em que titubeamos na própria fé. Por isso a grande maioria prefere fugir de pensamentos profundos e abrangentes. Têm muito medo de perder os alicerces que os mantém e os ajudam a sofrer menos. A única verdade é que, pensadores ou não, nadamos no mesmo rio. Somos levados pela mesma correnteza. De nada vale pensar que alguns são diferentes de outros. Estamos no mesmo barco. Misturamo-nos ao próprio rio e nos assustamos com a possibilidade de nos perdermos no Oceano. Esse é o grande preço que temos a pagar por sermos animais racionais e os únicos que têm consciência de sua própria morte. E pior do que isso é ter que viver no meio de criaturas que nem pensam, mas simplesmente se deixam levar pelo pensamento de outros. Maria Luiza Silveira Teles (membro da Academia Montes-clarense de Letras)

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