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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Deus é que sabe

Manoel Hygino (Jornal ´Hoje em Dia´

O Rotary Club Francisco Sá e o Clube Social de Francisco Sá, realizadores da festa Brejeiro Ausente e Brejeiro do Coração, daquela cidade norte-mineira, concederam-me, em setembro, o título e o belo diploma de ´Brejeiro Ausente´.
Este foi assinado por Mires de Fátima Soares Pena e Silva, presidente do primeiro, e Maria Hidée Antunes Coelho, presidente da segunda.
Brejo das Almas é nome antigo. Agora é Francisco Sá, homenagem a um brioso homem público nascido na região, a que tanto deve, assim como o Brasil. Mas consagrado permaneceu Brejo das Almas, que já mereceu reverência e carinho da nobreza intelectual e artística brasileira.
Drummond cantou sua musa em um livro memorável. Yvonne de Oliveira Silveira, presidente da Academia Montesclarense de Letras, e Olyntho da Silveira têm primoroso trabalho histórico e social sobre o município. Geraldo Tito redigiu lembranças sobre o Brejo e outros brejos da vida. Haroldo Lívio fez o mesmo, com seu talento e memória fabulosas.
Paulo Narciso esconde seu amor na humildade.
Antônio Dias, ali nascido, chegou à presidência da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, por todos os méritos, ocupando ainda outros importantes cargos públicos. Além de prefeito de sua cidade natal.
É sempre vulnerável toda lista que se faça, sobretudo de um município rico em valores humanos, intelectuais e artísticos, que deixou descendência admirável, como Maria Luiza Silveira Teles, escritora de grandes virtudes e educadora reconhecida. Como virtudes tem também o irmão romancista.
No Brejo esteve o velho e estranho louco, de procedência desconhecida como o próprio fim. Surgiu sujo, de roupas rasgadas, percorria as ruas sem incomodar e sem nada pedir. Pensativo e triste, parceria sofrer de alguma dor moral, não de loucura. Jamais esclareceu a mínima coisa sobre si mesmo, quem era, de onde viera e para onde ia. AA A resposta era única – ´Deus é quem sabe´, não se perturbando com as brincadeiras dos meninos malinos. Dava a impressão de um homem cansado dos homens, desiludido, desencantado.
Em saudação a uma nova acadêmica, Karla Celene Campos, Vanderlino Arruda, em discurso iluminado, fez o elogio à autora de ´Ventos e Vivências no Brejo das Almas´. Um hino de louvor à cidade e a sua gente, seus costumes, tradições, alguma saga com a do padre Augusto à frente.
Por que esse fascínio de um aglomerado humano tão distante dos brilhos das capitais? Por que outras maiores não foram brindadas com versos e cantares?
João Cabral de Melo Neto, autor de ´Morte e Vida Severina´, numa entrevista à ´Folha de S. Paulo´, declarou: ´Quando saí do Recife, numa viagem de muitos dias e aventuras, com destino ao Rio de Janeiro, passei por uma cidadezinha por onde ninguém passou, nem mesmo Carlos Drummond de Andrade, apesar de a cidadezinha, no Norte de Minas e próximo a Montes Claros, ter o nome do livro do hoje considerado maior poeta brasileiro: Brejo das Almas´.

Quem passa por ali, mesmo meramente por passar, não a esquece. A pessoa entra por suas ruas e ela entra definitivamente no coração e na memória. Que feitiço teria a cidadezinha?
Karla Celene, uma voz autêntica e de rara beleza, não se sente no dever de esclarecer sua afinidade com o Brejo. ´A função do escritor não é esclarecer. Machado de Assis jamais esclareceu se Capitu traiu ou não Bentinho. Esclarecer cabe à jornalistas. O escritor, a exemplo dos filósofos, deve ´fazer pensar, sugerir, insinuar, incomodar, semear dúvidas, lembrar quê´
O apreço do Brejo me vale muito, eu que tive ascendência por ali, nas redondezas da cidadezinha, tão preciosa para todos nós. Ela tem a essência da vida.

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