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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 26 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O poeta esquecido
Manoel Hygino (Jornal ´Hoje em Dia´)

Primeiro, a querida e saudosa amiga acadêmica Alaíde Lisboa de Oliveira me trouxe um volume sobre Severiano de Resende, que fizera parte do legado do esposo, um dos expoentes do magistério de língua portuguesa, professor José Lourenço, outrora temido pelos candidatos ao vestibular, quando havia provas orais.
Depois, muito tempo depois, o competente jornalista Paulo Narciso, tão admirado justamente pelo que escreve e pela conduta límpida e solidária, me formulou a pergunta, em 2005: Seria o padre José Severiano de Resende irmão de Henrique de Resende, o vate que integrou o Grupo Verde, de Cataguases ?
A pergunta me martelou todo esse tempo, porque nem sempre as atividades cotidianas permitem alguém se dedicar a um determinado tema. Até que o escritor Vanderlei Pequeno ma abriu via preciosa, submetendo a indagação ao estudioso Fernando Moreira, que me aclarou o que era importante.
O padre José Severiano de Resende e Henrique de Resende são descendentes de João de Resende Costa, do Arquipélago dos Açores e Helena Maria de Rezende, casal que teve uma das filhas naquele arquipélago antes de radicar-se no Brasil.
O sacerdote é filho do cel. Severiano Nunes Cardoso de Rezende e Custódia A. de Mello Rezende, enquanto Enrique é filho do dr. Afonso H. Vieira de Rezende e Josefina Adélia Faria de Rezende. Parentes, pois, mas não irmãos.
Segundo Andrade Muricy, Severiano é um dos simbolistas brasileiros representativos e, apesar de incompletamente realizado, é maior poeta, depois de Alphonsus de Guimarães do Simbolismo em Minas Gerais”.
Levou uma vida agitada Severiano de Resende. Nascido em Mariana, em 21 de janeiro de 1871, cursou o Liceu Mineiro, de Ouro Preto, onde foi colega de Alphonsus. Passou pela Faculdade de Direito de SP e ingressou no Seminário de Mariana, ordenando-se em 1897. Já tinha publicado três livros polêmicos, segundo Assis Brasil, de teor desabusado. Eram “Cartas Paulistas”, 1890; “Eduardo Prado”, 1905; e “O meu flos sanctorum”, 1908. Seus artigos contra os “medíocres da literatura” causaram sensação no Rio de Janeiro e São Paulo, além de desavenças contra “autoridades eclesiáticas”.
Desencantado com a Igreja, deixou a batina, casou-se, saiu do Brasil e viveu, precariamente, em Paris, onde manteve uma coluna sobre literatura brasileira no “Mercure de France”. Em 1915, voltou a Minas Gerais, visitou amigos, entre os quais o solitário Alphonsus em Mariana, indo ambos a Belo Horizonte, onde receberam homenagem. Morreu em Paris, em 14 de novembro de 1931 e foi sepultado numa pequena cidade no Sul da França.
Para Fernando Góes, Severiano foi um inovador na poesia, com sonetos parnasianos, ao lado de poemas religiosos, “ricos de inovações e em metros não consagrados”. “Belos e estranhos poemas, que fazem de José Severiano Resende, não esquecido e tão mal conhecido, um dos nossos grandes poetas.”
Foi oficial da Ordem de Cristo, oficial da Ordem de Santiago, de Portugal, Cavaleiro da Ordem da Estrela da Romênia. Foram-lhe prestadas grandes homenagens pela Embaixada e Consulado do Brasil, em Paris, quando de sua morte.
Em “Mistérios”, Severiano de Resende descreve o lobisomem como um homem pardo “de hisurto pelo e de melenas ao vento” que “lança dos olhos chispas transcendentes e da fauce vomita sangue e fogo”.
Permanece indecifrado a autoria da música que Paulo Narciso lembra, muito cantada na nossa região, com respeito admirável: “Quem fez a lua, que universo aclara, de luz tão rara, quem a fez assim? Quem as estrelas pôs no firmamento, eu firmo e creio fostes vós, meu Deus. Quem a meia rosa cingiu de espinhos, e aos passarinhos quem os fez cantar? Quem fez a terra rebentar em flores, em tão lindas cores, quem as fez assim?”
A música teria letra de Severiano, ou de seu grande amigo Alphonsus? Observo: o Resende com s ou z varia nos originais.

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