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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Êta corgão bonito!

Raquel Souto Chaves

O cheiro de caladryl (pomada de cor rosa para queimaduras), impregnou-me o nariz e o coração nessa manhã. O mês é janeiro. As aulas terminaram em meados de dezembro e as crianças estão soltas pelas ruas da ainda pacata Montes Claros.
Meu pai está ao telefone conversando com Coriolano Moreira, que reside em Itapetinga, na Bahia, para confirmar nossa ida a Olivença e acertar os detalhes da nossa hospedagem em sua propriedade. As malas estão sendo feitas pelas mãos carinhosas de minha mãe Terezinha, tia Cléo e tia Rosalva. Deusdete, mecânico, revisa o veraneio dois sabores (duas cores) do meu pai, para que a viagem seja feita com segurança. Hora de arrumar o carro, para amanhã, logo cedo, pegarmos a estrada. No veraneio, a feira de mantimentos e as malas são colocadas no bagageiro, de forma que sob as mesmas ainda sobre espaço para abrigar as crianças (Roy, Eduardo, eu e Fred). Na matula, uma garrafa de café redondo, paçoca de carne seca, pão com mortadela e biscoito espremido. Assentados nos bancos estão, tia Cléo, Mêra, Lai, João, Bia, mãe e pai. O carro é igual coração de mãe, sempre cabe mais um. Em comboio, estão os carros de tio Zé Estevam (abarrotado de gente) e o de Roberto Rebello (Marília grávida de Regina) com as filhas Ivana, Cláudia, Maria Clara e Mônica. Depois de uma longa soneca, ouço como em forma de cantiga: “olha o corgão aí os minino!”. É meu pai anunciando que já estamos à beira-mar. Mais alguns quilômetros e chegamos ao destino. A molecada se encarrega de descer a bagagem enquanto os adultos limpam o casarão e preparam a janta. Meu pai, com o seu jeito fácil de fazer amizade, sai à cata de um bom fazedor de mingau para nos abastecer durante a estada. Bem cedinho, o mingau de tapioca fresquinho, chega para o café da manhã. De pança forrada, rumamos para a praia que fica a pouquíssimos metros da casa onde estamos hospedados. As brincadeiras de fazer castelo de areia, quebrar ondas e esconde-esconde por detrás dos coqueiros são divididas pela cumplicidade dos primos Joyce, Raul, Virgínia, Estevam e Fred, e das meninas amigas, filhas de Roberto e Marilia. A descoberta de martelar caranguejos e comer acarajés com muito vatapá e caruru, é uma delicia. Para tirar o sal do corpo, descemos para o Tororomba, o clube da cidade que possui uma cascata em forma de véu de noiva e uma piscina de água medicinal de cor escura. Depois de um dia de sol forte, estamos como verdadeiros pimentões. Somos de pele muito clarinha, por isso, minha mãe recorre a ajuda do cheiroso Caladryl para aliviar o ardor das bochechas. Estamos iguaizinhos a um palhaço. À noitinha, depois de um bom e avantajado prato de comida (saciando uma fome de leão provocada por banhos de mar e piscina), seguimos para a única pracinha da igreja existente na cidade, para brincarmos de pega-pega, nos cansar e daqui a pouco nos entregarmos ao bom sono cheio de sonhos e lembranças.
É janeiro de anos atrás, mês de férias, mês de conhecermos o mar. “Êta corgão bonito, gente!”.

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