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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 68)

Outro problema inquietante é o impacto do crescimento populacional. A partir das descobertas de PASTEUR, vêm sendo vencidas as chamadas doenças de massa, mediante o combate eficaz às bactérias, vírus, protozoários, macro-parasitos e insetos, e a humanidade passou a crescer a passos de gigante. Calcula-se que o homem habita a terra há 2 bilhões de anos. Desde então até o nascimento de Cristo a população mundial atingira 250 milhões de habitantes. Em 1.830 alcançou 1 bilhão. E hoje, menos de 150 anos decorridos, abeira-se de 4 bilhões, devendo alcançar 6 bilhões ou quase isso no ano 2.000. O Sudoeste da Ásia, o continente africano e a América latina estão duplicando a sua população a cada 25 anos e só essas áreas, se continuarem a crescer na mesma proporção, deverão conter 40 bilhões de habitantes dentro de um século.
As nações industrializadas possuem cerca de 1,3 bilhão de habitantes e as subdesenvolvidas 2,6 bilhões, na proporção de 2 subdesenvolvidos para 1 desenvolvido. Dentro de um século essa proporção será de 20 para 1. Pode-se fazer uma idéia a que níveis chegarão os antagonismos raciais e as tensões sociais se a explosão demográfica não for contida.
Falávamos, no início, na generalização da violência, sem falarmos nas guerras. Lançando o olhar ao passado, verifica-se que não houve redução de confrontos bélicos nos últimos 200 anos. Além das duas grandes guerras, têm ocorrido lutas praticamente em todo o mundo: na Grécia, Coréia, Nigéria, Paquistão, Indonésia, Espanha, Egito, Israel, Islândia, Irlanda, Líbano, Portugal, China, Rússia, América Latina e África.
Outro sério problema é a inevitável proliferação das armas nucleares, que em mãos de cada vez maior número de nações, passará a construir um risco crescente e quiçá incontrolável para o futuro da humanidade.
Se analisarmos estas e outras perspectivas sombrias que os pesquisadores nos apontam, chegaremos à conclusão de que todos eles se subordinam ao comportamento do homem. Mudando-se o comportamento, mudar-se-ão as perspectivas. Já Bacon o afirmava que as idéias governam o mundo. Compreende-se assim como é vasto o campo de trabalho que o mundo de hoje e do futuro oferece aos intelectuais, aos homens de pensamento, aos formadores de opinião. E não se diga que nós, na nossa modéstia de pessoas singelas do interior, nada temos a ver com isso. Temos, por que não, e muito. Primeiramente porque somos parte do problema, estamos dentro dele até o pescoço, nós e nossos filhos e os filhos de nossos filhos. O alheiamento em tais circunstâncias seria demonstração de covardia. Em segundo lugar, pelo senso de responsabilidade. Todos somos responsáveis. Cada um na medida da força ou do poder que detenha. Da influência, menor ou maior, que possa exercer.
O poder da pena revela-se às vezes maior do que a da espada. Vimos, ainda há pouco, em Portugal, um General, com a sua pena, derrubar uma ditadura de 40 anos. E ao assumir o Governo, não foi capaz de o manter com a sua espada.
Vimos esse escritor russo, prêmio Nobel de literatura, Soljénitzen, autor de “Arquipélago Gulag”, abalar o mundo com o seu depoimento sobre as torturas do regime comunista. E mais recentemente, com entrevistas à televisão na França e na Inglaterra, apressar a revisão da política de distensão dos EE.UU. para com a Rússia.
Não há dúvida de que o intelectual tem muito o que oferecer. Caberá cada vez maior importância ao que encara os problemas em sua globalidade, com sensibilidade e espírito humanístico. Para influir, nos limites da responsabilidade de cada um, neste limiar de um novo século que nos conduzirá ao terceiro milênio, na construção de um mundo novo. Um mundo que começa em nosso lar, em nossa rua, em nossa cidade, em nosso País. Um mundo que desejamos traga a vitória sobre a violência, sobre a escravidão, sobre a pobreza, sobre a ignorância, sobre as doenças, sobre a injustiça. Um mundo de trabalho fecundo, de ordem, de alegria e de Paz.
Sem esquecer e principalmente sem jamais desprezar o amor ao quotidiano, às coisas muitas vezes simples e aparentemente pequenas, mas que dão grandeza à vida.
Quero agradecer as palavras de apresentação, tão amáveis e honrosas que tive da parte da oradora oficial. A professora Ivone Silveira, ilustre presidente desta Academia, traçou o meu perfil com o pincel da amizade. Os seus olhos bondosos descobriram em mim, e multiplicaram, qualidades intelectuais que não possuo. À bondosa apresentadora meus sinceros agradecimentos.
Quero manifestar também o quanto me sinto honrado e jubiloso por compartilhar as emoções deste momento com dois excelentes amigos, autenticas vocações de intelectuais, os Professores Wanderlino Arruda e Maria Luiza Silveira Teles, aos quais desde já apresento meu abraço de parabéns.
Indicado para falar antes deles, por uma deferência que devemos aos costumes dos romanos, do direito do mais velho, antecipei-me a eles nesta apresentação, mas o fiz na condição do soldado raso que desfila à frente, conduzindo o estandarte e abrindo caminho ao luzido cortejo dos oficiais que vêm em seguida.
A todos, muito obrigado.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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