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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 78)

TRABALHAR É PRECISO

Se eu houvesse nascido rico, teria sido um desperdício. Porque a idéia de riqueza jamais ocupou minha mente.
Aos 7 anos já ajudava meu pai, na venda. Aos 9 anos, em Montes Claros, comecei como engraxate. Dava para as graxas e as tintas e para os cadernos da escola. E para a coalhada no Bar do Sinval e para acompanhar os filmes seriados das sextas-feiras. E deu muito mais. Deu para me acostumar a trabalhar e a ganhar dinheiro. Depois foi o trabalho no balcão, na roça e na cidade. A dedicação ao trabalho no comércio. Enquanto isso, o estudo à noite, e a formatura em contabilidade e direito.
Recordo-me que aos 21 anos, ao voltar da roça para Montes Claros, consegui uma vaga em um quartinho de 3 m x 3 m, com três camas, na rua do Pedregulho. Sob o teto baixo, de meia água, de telhas comuns, havia um velho forro de pano, todo estufado e manchado pelas águas das goteiras e com três ou quatro buracos, por onde, à noite, nos espiavam os saruês que ali viviam e que, em suas brigas, acontecia de vez em quando caírem sobre as camas.
Conforto? Tínhamos “direito” a banho em água corrente, no rio Vieira, somente possível à noite. Saltávamos a janela que dava para o pasto do senhorio, com o maior cuidado para não atrairmos a atenção de sua matilha de cachorros.
A atividade no comércio evoluiu para a indústria na condição de empregado, por muito tempo, e depois por conta própria.
Mais adiante, a abertura para a política, não desejada e felizmente por tempo limitado. Vieram as eleições para vice-prefeito de Montes Claros e depois para a Câmara Federal. Foi uma abertura, como disse, não desejada nem procurada e que se encerrou em 1970. Meu destino me conduzia sempre para a atividade empresarial, na indústria, no ramo algodoeiro.
Da Usina de Beneficiamento de Algodão nasceu a motivação para a criação da COTEMINAS.
Pela mão velha do tempo estou chegando aos 90 anos. Não fiquei rico. De bens materiais, é claro.
Nasci pobre, na roça. O trabalho proporcionou-me recurso para criar e educar 5 filhos.
Entre a caixa de engraxate e a Fábrica de Tecidos não houve grandes mudanças. Os princípios foram sempre os mesmos. Trabalhar bem, com dedicação e economia. E reinvestir os ganhos. Com prudência.

(Com esta parte, de número 78, o montesclaros.com encerra hoje a publicação do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´, de Luiz de Paula Ferreira, livro com tiragem diminuta, apenas para o círculo familiar. Agradecemos ao autor a permissão para publicá-lo em forma de folhetim)

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