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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O NARCO-TRÁFICO CRESCE
JOSE PRATES
“Com o uso de helicóptero e viaturas, a PM apreendeu, hoje, cocaína, crack e armas nas Vilas Oliveira e Mauricéia. Oito pessoas foram presas.” Esta é a notícia que nos chega pelo Montesclaros.com. sem alarde, quase num canto de página, como acontecimento de rotina, porque, de fato, é rotina em qualquer cidade grande. O Ministro Tarso Genro avaliando a ação colombiana contra a FARC disse em entrevista à BBC Brasil que ´os principais problemas de segurança na região estão vinculados ao tráfico de drogas, aos desequilíbrios sociais regionais, que implicam desequilíbrios entre Estados, e à precariedade ainda da integração econômica na América Latina´ O tráfico de drogas não influi, apenas, nos problemas de segurança na America latina, como disse o Ministro, mas e principalmente, na segurança do cidadão que reside nos grandes centros. A violência que se tornou rotina nesses lugares é, em grande parte, conseqüência do tráfico de drogas que se instala como erva daninha nas lavouras florescentes. Esse tráfico danoso que possui uma estrutura e uma organização apoiada na pobreza e abandono do favelado tem a capacidade de se instalar e oferecer resistência ao combate que a sociedade organizada lhe faz nos grandes centros do país. Voam em torno do desenvolvimento econômico, como a mariposa voa em torno da luz. Hoje, pode-se dizer que a presença do tráfico em qualquer lugar é sinal de crescimento do poder aquisitivo do habitante, resultado do desenvolvimento econômico desse lugar. A notícia publicada no moc.com. confirma isso.
O que aconteceu no Rio de Janeiro no inicio dos anos 80, nos mostra como o tráfico procede para implantar-se, fazendo-se necessário à população carente. No Rio, naquela época, a droga chegou à favela trazida pelo “malandro” do morro, que assumiu o comando do ponto que foi batizado de “boca de fumo.” e ai ficou organizando-se para se alastrar. Teve o cuidado de afastar-se de qualquer outro tipo de delito para não atrair a policia e desestabiliza o ponto. No principio de sua implantação, o tráfico apresentava-se ao favelado como um Hobin Hood capaz de satisfazer-lhe as necessidades, ocupando o espaço vazio deixado pelo Estado. Ao passo que crescia o comercio, foi-se firmando a organização com regras e leis própria dentro da comunidade, criando um poder paralelo que ainda existe apesar dos esforços dos governos federais e estaduais para combatê-lo.
Fazendo uma pesquisa através de literatura como, também, em depoimentos de traficantes, prestados a policia, como, ainda, em conversa que tivemos com alguns usuários, constatamos que a lógica dos “comandos” que se espalharam por todo o país, instalando-se como uma espécie de filiais nos centros desenvolvidos, estabelece um estado de anomia crescente e depois completo, chegando ao absolutismo. Criaram em si a certeza da morte ou da prisão até os 25 anos e a completa banalização da vida e da morte. Desta forma, a eliminação de seus componentes nos confrontos com policiais deixou de ter efeito demonstração, pois o medo da morte desapareceu, como a substituição do morto é imediata. Isso tornou ainda mais complexa a repressão.
Em qualquer ponto do país em que se instale, o narco-tráfico procura implantar uma espécie de serviço público para a população carente, que elimina de sua ação o sentido de delito e essa ação é aceita como necessária. Geralmente, criam um sistema de proteção à mulher e à criança, como, também, pune com rigor os furtos e roubos na comunidade e com isto a organização dessas facções desenvolveu-se de forma a reduzir os riscos de sua eliminação. Muitos analistas acham que não existe essa organização, pois pensam organização como um ordenamento em organograma com presidente, diretores… Ou se referem às máfias ou à contravenção. O ordenamento para a sobrevivência criou organizações virtuais onde cada gang em torno de uma boca de fumo estabelece com as demais relações básicas de não agressão e progressivamente de fornecimento preferencial de drogas e armas.
. O que se deve fazer? A resposta é clara e óbvia. A razão da existência dos núcleos para-militares é o temor ao tráfico de drogas. O que os legitima é eliminar o tráfico de drogas. Desta forma, se torna evidente que a polícia deve entrar neste circuito e eliminar o tráfico de drogas das comunidades e ocupá-las com farda, permanentemente. É o que, no momento está sendo feito pelo Governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro. A favela está sendo ocupada militarmente e o morador passou a ser assistido pelo Estado. O que ocorre, então, é o Estado assumindo seu papel dentro da comunidade retomando seu lugar na assistencia social. Está dando certo e as ocupações estão sendo feitas sem derramamento de sangue.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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