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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A DONZELA BRANCA DE ARAPIRACA

Maio de 1965 nessa inusitada terra de Figueira, o galã Paulo Gomes Junior, o Paulinho Relojoeiro (hoje no Quarteirão do Povo) arrasava corações montado em sua bicicleta sueca aro 28 modelo Ahermes, 1954. Pneu fino, freio de mão, câmara de ar de borracha vermelha, campainha metálica, selim especial, um luxo só.
Caído de amores pela Verônica, também conhecida como Branca, uma pernambucana “mignon”, como bem convinha ao seu biótipo de rapaz simples e curraleiro de Mato Verde. A garota da cabeça chata era conhecida como a Donzela Branca de Arapiraca. O pai, um atávico, que por qualquer motivo enfiava uma peixeira no bucho do contendor.
Domingo cedinho e Paulinho Relojoeiro rumou para o Bairro Cintra visando levar a Branca para a missa das nove horas na Catedral, o que era considerado o “it” da época. Chegando a casa encontrou a donzela de vestido de renda branca e forro de cetim rosa claro. Diadema no cabelo, correntinha de Santa Luzia no pescoço e Alpargatas Roda nos pés.
O galã Paulinho (que se parecia com o ator Paul Newman), trajava calça de riscadão de algodão, camisa Volta Ao Mundo comprada na Loja ´Boa Vontade´, brilhantina no cabelo, relógio Seiko no pulso e sapato Vulcabrás. E como chovera bastante, calçava galochas brancas nos sapatos, a última moda das metrópoles.
A donzela morava perto da casa de Bilô, fiscal da Prefeitura e após apanhá-la o nosso herói de alcovas tropicais descia a rua Juramento rumo ao centro, quando na ladeira o freio de mão falhou! Como a bicicleta vinha em boa velocidade buscando chegar na hora da abertura da missa, evitando escândalo de padre Agostinho, a calanga então virou um bólido.
Ladeira abaixo e impossibilitado de praticar a frenagem naquelas circunstâncias inusitadas, Paulinho e a donzela começaram a gritar desesperadamente. A bicicleta se embrenhou para dentro de um bananal e com o impacto em um obstáculo, Paulinho ficou enganchado nas bananeiras preso ao guidom e a namorada, tão branquinha, dependurada de cabeça para baixo agarrada a um cacho de bananas!
A donzela de Arapiraca, ao se desprender caiu de ponta cabeça dentro de um grande monte de estrumes e atolou até a cintura! Rápido, Paulinho a puxou pelos pés, lavou o seu rosto e braços com as águas (então) límpidas do Córrego do Cintra e, temendo a possível retaliação que poderia ser praticada pelo pai da garota, gramou o beco e deixou a sua prenda chorando sozinha...
Desonradas as calças riscadas que vestia, o nosso vil herói passou seis meses escondido em uma fazenda de amigos em Mato Verde.
Findo o refúgio, a foto ilustrativa tirada à porta da casa do Tenente Esmeraldo na rua Bocaiúva, durante os tradicionais ensaios das festas juninas promovidas pelo oficial, mostra o nosso Paulinho já de bicicleta nova e cheio de lero para cima de uma garota...
Testemunhas do fato estão na foto: Carneirinho (com o olhar desconfiado e treiteiro, embora de aparência mansa) e o empresário Edson Bororó, já um galalau tupiniquim com o sapato Vulcabrás brilhando, muito bem engraxado pelo competente Zuza.
Os demais personagens, componentes do terno de quadrilha do tenente, poderão ser identificados por Carneirinho que tem memória fotográfica.

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