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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Buraco de 90 quilômetros

Waldyr Senna Batista

A Copasa está abrindo o maior buraco da história de Montes Claros, pelo menos em extensão. Um recorde, até se se levar em conta que essa empresa, pela própria natureza de seu trabalho, notabiliza-se por abrir buracos. E, mais ainda, por remendá-los mal e porcamente. Por isso, é tida como a principal responsável por transformar as ruas da cidade em autênticas pistas de motocross.
Agora ela está abrindo 90 quilômetros de valetas, abrangendo praticamente toda a área urbana, e ninguém se arrisca a apontar defeitos nessa gigantesca operação-tatu, com receio de ser rotulado de inimigo do progresso. Quem ousa falar, fala cheio de dedos, pois, afinal de contas, esse serviço está sendo feito com o propósito de aperfeiçoar o sistema de distribuição de água, mediante a substituição da velha rede de tubos galvanizados, implantada pelo Dnocs há mais de 40 anos, por tubulação de plástico.
A nova rede está sendo instalada em ambos os lados das ruas, rente ao meio-fio, o que contribuiria para evitar interrupções do trânsito quando se fizerem necessárias intervenções.Colocados lateralmente, os canos podem ser reparados sem maiores transtornos.
Entretanto, o que parece ser aperfeiçoamento técnico, terá custos adicionais e de efeitos devastadores. É que, concluída a implantação da tubulação-tronco, terá início a substituição das ligações domiciliares, até os hidrômetros, o que implicará em quebra de passeios, muros e gradis. No momento, as empreiteiras da Copasa quebram o asfalto e rapidamente conectam os tubos, fazendo compactação e recomposição da pavimentação. Um trabalho relativamente limpo, que tem incomodado pouco. Na etapa seguinte,entretanto, o resultado será bem diferente, produzindo efeito desastroso.
A população da cidade pode preparar-se para o pior, pois o histórico da Copasa nunca foi o de caprichar na recomposição dos estragos que suas empreiteiras promovem. Não há, por parte delas, a mínima preocupação com o controle de qualidade. Haja vista o que se fez há pouco tempo no bairro São José, onde praticamente foram destruídas as pistas asfaltadas de várias ruas. O desastre coincidiu com a chegada à cidade do novo superintendente da concessionária, Daniel Antunes, que, apresentado à catástrofe, garantiu que se recusaria a receber o serviço e que iria exigir das empreiteiras a correção dos defeitos. Se o fez, não foi obedecido, pois as ruas do bairro São José continuam no pior estado.
É o que se teme que volte a acontecer, agora em área muito mais ampla. Pelo que se tem visto, a celeridade com que trabalham as empreiteiras não permite a realização de obra caprichosa na recomposição das pistas. O material usado para tapar as valetas não é apropriado, a compactação é apressada e o asfalto a frio, cuja maturação é de quinze a vinte dias, é liberado de imediato. Resultado: já há pontos em que as valas aterradas começam a ceder, prenunciando o surgimento de sulcos acentuados, principalmente quando chover. Algo em torno de 90 quilômetros, isso sem esquecer que nos passeios e muros a serem refeitos, há acabamentos de todos os tipos e qualidades. Eles jamais serão os mesmos depois desse tsunami.
Quem responderá pelo malfeito realizado até agora e pelo desastre que se avizinha? A Prefeitura, evidentemente, que é o órgão concedente. Não é por que se trata de obra destinada a melhorar o serviço que não se deve reclamar, apontar falhas, exigir mudanças. Porque tanto a Copasa como as empreiteiras por ela contratadas estão apenas cumprindo o dever delas,para o que são muito bem remuneradas.
A Prefeitura sempre se omitiu nessas situações, deixando de agir para impedir os estragos, cometidos no passado, de que é mostra o estado lastimável das ruas da cidade. No caso em tela, ela deveria ter sido consultada previamente, a fim de estabelecer critérios e definir padrões de qualidade. Se não foi, cabe-lhe tomar a iniciativa, enquanto é tempo, para evitar mal maior.


(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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