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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 18 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A maldição dos buracos Waldyr Senna Batista Na primeira trégua concedida pelas chuvas, lá veio a Prefeitura tapando buracos no asfalto, reabertos e multiplicados pelas chuvas torrenciais. E assim deverá acontecer ao longo dos próximos meses. São os buracos de sempre, tapados dezenas de vezes e que ressurgirão indefinidamente enquanto perdurar esse duro castigo, que lembra o personagem da mitologia grega, Sisifo, condenado a levar imensa rocha ao cume da montanha, mas sendo sempre obrigado a retornar à base. Assim são os prefeitos de Montes Claros, submetidos à faina inglória. Ou seria uma maldição? Como a maturação do asfalto a frio é de pelo menos 15 dias, e considerando que, nessa época, as chuvas se repetem a períodos inferiores à quinzena, a Prefeitura terá de manter sua patrulha de plantão. E ela terá de assim proceder, certa da inutilidade de seu esforço, porque, quando oposição, o atual prefeito criticava seu antecessor, acusando-o de não atuar com a devida competência. É lamentável que, na atualidade, a eficiência das administrações seja aferida com base na recomposição da buraqueira das ruas. Anteriormente, o bom prefeito era aquele que pavimentava ruas com produto de boa qualidade, atendidos os requisitos técnicos, como instalação de meio-fio, implantação de redes de água e esgoto, construção de galerias de águas pluviais, além da realização de base e sub-base, com compactação adequada. Esses cuidados têm garantido o asfalto que aí está, embora remendado e mal conservado, depois de superada em muito a média de vida útil que tecnicamente se prevê(20 anos). Basta lembrar que a primeira rua de Montes Claros a receber asfalto foi a Cel. Joaquim Costa, no trecho onde se localizava o mercado municipal. Em fins de 1967, há portanto 42 anos, o então prefeito Antônio Lafetá Rebello asfaltou aquele quarteirão, como componente da solenidade de inauguração do mercado. Dali, seguiu asfaltando ruas do centro da cidade, com exceção das que já tinham calçamento, de pé-de-moleque ou paralelepípedos. Para isso, lançou mão da chamada “contribuição de melhoria”, pela qual os proprietários de imóveis pagavam dois terços do custo da obra, cabendo à Prefeitura um terço, representado pela infraestrutura. Esse sistema era constitucionalmente discutível, porque podia configurar bitributação, mas foi suportado sem protestos graças à credibilidade do então prefeito, eleito como candidato único. Tempos depois, a demagogia eleitoreira levou à substituição desse critério, passando a Prefeitura a assumir o custo total do empreendimento, que começava a chegar aos bairros populares. Surgiu então o chamado “asfalto-sabão”, que priorizava a quantidade em detrimento da qualidade. Ele era aplicado, literalmente, na terra, sem o atendimento dos requisitos garantidores de vida útil. O resultado é esse que aí está. A atual administração, que não conseguiu zerar nem os buracos que herdou há dez meses, está agora obrigada a tapar as crateras de sempre, que renasceram das águas, e mais os filhotes delas. Os prefeitos Jairo Ataíde e Athos Avelino, justiça seja feita, tiveram o mérito de recuperar consideráveis extensões em ruas de acesso aos bairros Todos os Santos, Morada do Parque, entorno da Praça de Esportes, rua Belo Horizonte e avenida Ovídio de Abreu. O atual, Luiz Tadeu Leite, ainda não teve tempo de mostrar serviço e nem anunciou planos nessa modalidade. A quantidade de recursos públicos gastos na inglória operação tapaburacos, ao longo de décadas, provavelmente daria para asfaltar, de novo, mais do que o total da área pavimentada existente. Mas prefeito algum concentraria esforços nesse tipo de obra, porque ela não rende votos. Eleitoralmente, é mais conveniente continuar asfaltando ruas “no pó”, para alegria do “povão”, e enterrando dinheiro do contribuinte nos buracos irrigados pelas chuvas. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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