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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Um Ygino em Goiás Manoel Hygino dos Santos - ´Hoje em Dia´ Nasceu em Goiás, viveu em Uberaba, morou em São Paulo, capital, e encerrou seus dias em Franca. Estou me referindo a um poeta, que a editora Migalhas acaba de reverenciar, por meio de uma biografia e antologia, organizada por Carlos Alberto Bastos de Matos. ´Ygino Rodrigues, o poeta da pinta preta´ é um vate como tido nos velhos tempos. Desligado aparentemente dos problemas da vida, boêmio, despreocupado com exigências que a humana lida impõe, beberrão, inquieto, desiludido, mas bom poeta. O biógrafo, falecido aos 57 anos, formou-se na conceituada Faculdade de Direito de São Francisco, em São Paulo, exerceu atividades como profissional do Direto, chegando a professor na Faculdade de Franca, ocupando também a Academia Francana de Letras, na cadeira nº 20, cujo patrono é exatamente Ygino Rodrigues. Daí, suponho, seu interesse pelo pouco conhecido bardo goiano, batizado na ´Capella de Nossa Senhora da Boa Morte da cidade de Goyas´, como anotado no respectivo batistério, e nascido em 11 de janeiro de 1872. Não mais os bons tempos antiga Villa Boa, às margens do Rio Vermelho. As condições da então capital eram desfavoráveis. Exauridos os veios auríferos que fizeram sua riqueza no século XVIII, isolara-se no sertão, nada oferecendo aos que não dispusessem de terras para plantar ou criar gado. Couto de Magalhães, o mineiro que foi presidente do Estado de Goiás, fala que ´uma apatia mortal parece dominar tudo´, pois, ´longe de prosperar, a cidade de Goiás tem decaído; quem passeia por seus arrabaldes sente-se constantemente entristecido pelo aspecto das ruínas que observa´. O presidente é mais enfático na descrição. Ele comenta o ´caos trevoso´ da capital e afirma: ´Em uma palavra, Goiás, não só não se reúne as condições necessárias para uma capital, como ainda reúne muitas para ser abandonada´. É nesse ambiente, que Ygino passou a infância e começou a adolescência. Mesmo assim, inteligência incomum, iniciou o primário e ingressou no Liceu, onde concluiu os estados. Assentou praça no Exército e começou a colaborar em jornais de Goiás com seus poemas, mas já andava às turras com a polícia em decorrência de sua irascibilidade, de seu gênio turbulento. Não permaneceu. Mudou-se para Uberaba, colaborando com o ´Lavoura e Comércio´, quando lançou o seu primeiro livro ´Dinamites´. O título dá ideia de sua disposição o de espírito. Também ali não fica. Transfere-se ao Rio de Janeiro, escrevendo para ´O Nacional´, quando publica ´Pampeiros´. Tampouco está radicado. Dali parte para curta experiência em São Paulo, com o pequeno jornal ´A Mogyana´, que abandona para assentar-se de vez em Franca, em 1901. Ali aparecem seus escritos na ´Tribuna de Franca´, publicando ´Faíscas´ e ´Flores do Deserto´. Tampouco se acomoda com a vida da cidade. Envolve-se em confusões e cria inimizades. Na cidade de Amparo, é preso, ébrio, porque o delegado de polícia, João Guedes, se negara a comprar um seu livro de poesias. Em telegrama do ´Comércio de São Paulo´, diz: ´Ante-ontem, fui preso ilegalmente e despojado do dinheiro pelo escrivão de polícia. Edificante!´ Seu destempero prossegue. Abre dura campanha contra a Santa Casa, principalmente contra seu zelador Domingos, acusando-o de ´esmurrar os doentes´ e de ´lhes negar água´. Meses após, é surrado, a vassouradas, pela cozinheira Gregória, num restaurante da rua da Estação. Corre a notícia de sua morte, que contesta em soneta, que assim começa: ´Assim não morri! Não estou morto,/D`agouros maus dispenso a sombra escura;/ Embora viva doente e sem conforto,/ Ainda não desci à sepultura!´. Casado bem com rica viúva, separado da esposa, não tem sossego a alma. Na fria e chuvosa tarde de 4 de julho de 1907, falece. Deixou escrito: ´Quando, cansado da mundana lida/, Meus frios ossos entregar à terra,/ Na sepultura que meu corpo encerra/ Não quero pompas, ouroféis da vida!´Ainda assim, muitas foram as homenagens.

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