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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Chagas em Lassance Manoel Hygino - Hoje em Dia No dia 23 de setembro, mal chegada a primavera quente de 2015, um homem foi executado à tarde, ao tentar intervir em um assalto à agência dos Correios em Lassance, no distante Norte de Minas, mais perto da capital depois que o asfalto foi construído. Segundo a Polícia Civil, a vítima era funcionário da prefeitura cedido à delegacia. Não resistiu aos ferimentos e morreu no local, conforme divulgou a televisão até no exterior. Os suspeitos fugiram. A cidade, emancipada em dezembro de 1953, está a 263 quilômetros de Belo Horizonte. Em tempos idos e vividos, para se chegar lá se enfrentava uma onda imensa de poeira, como, aliás, típico na região. Presentemente, tem menos de 7 mil habitantes, pacatos, simples, dedicados a seus afazeres, tomando conhecimento do resto do país e do mundo pelas notícias pródigas dos meios de comunicação. Não me lembro de homicídio por ali, embora algum deva ter sido registrado desde que percorrida por tropeiros, com suas cargas destinadas aos grandes centros. Daquele pedaço do país partiam tropas para atender às necessidades de alimentos da corte no Rio de Janeiro, a carne de boi, principalmente. Mas quando o lugar nasceu em 1850, pelo empenho do cidadão Liberato Nunes de Azevedo, foram surgindo fazendas dedicadas à agropecuária e à extração do látex de seringueiras. Entanto, Lassance – cujo nome homenageia o engenheiro-chefe da construção da Estrada de Ferro Central do Brasil, Ernesto Antônio Lassance Cunha – não cresceu com a velocidade. Progrediu lenta e mansamente, talvez ao gosto dos mineiros, devagar e sempre. O arraial antigo foi desperto pelo apito dos trens de ferro que chegavam. No interregno, porém, houve um fato muito especial e quase inteiramente olvidado. É que na tranquila Lassance, de gente modesta e amável, apareceu um médico que desejava descobrir as causas de uma infecção que afetava pessoas lá residente ou que por lá passavam. Este indivíduo era Carlos Chagas, mineiro de Oliveira, que contratado pela Comissão de Estudos de Profilaxia da Malária, para prestação de serviços, montou laboratório em um simples vagão. Enfrentou o rigor do clima, as altas temperaturas, até mesmo o risco de ser contaminado pela misteriosa doença, que ninguém sabia o que era e como deveria ser tratada. Inclinado sobre o microscópio na placidez do arraial, descobriu, em 1909, um protozoário causador da doença, ao qual deu o nome de “Trypanosama cruzi”, em homenagem ao mestre e amigo Oswaldo Cruz. No ano seguinte, estava consagrado como um dos grandes cientistas do mundo, contribuindo para prevenir e salvar vidas do mal, endêmico na maior parte das áreas rurais da América Central e do Sul, especialmente no Brasil, Argentina e Chile. Os insetos portadores da doença invadem os casebres, ocultando-se na fenda da parede durante o dia. À noite, saem dos esconderijos e picam as pessoas adormecidas, onde a pele é mais fina. Carlos Chagas descobriu tudo sobre a doença. Mas em Lassance, os que matam pessoas hoje são os próprios homens, à luz do dia, armados com o que há de melhor para eliminar pessoas de bem.

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