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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A porta estreita Isaías Caldeira Sou católico de pouca prática, afinal quase nunca vou à igreja, embora me persigne diante dela com o sinal da cruz, acredite na intercessão dos santos e creia numa forma de consciência do que fomos neste mundo, quando apartados fisicamente dele. É o que por ora me basta no que diz respeito à transcendência. Sim, claro, creio em Deus. E o temo. Sei que sou pecador, e pecador que habita a seara de um daqueles pecados ditos mortais, no caso, a luxúria. Gosto dos prazeres da vida: boa comida, embora possa ser a simples, bebida, e principalmente quando esses gostos se encontram com aquelas primícias decorrentes da companhia feminina, e nisto me espelho no mais sábio dos homens, o Rei Salomão, tão querido por Deus. Não cheguei a compor nenhum cântico às amadas, mas só não o fiz por falta de talento, vencida minha vontade. Embora temeroso, dependendo do momento, às vezes chego a recitar alguns versos Salomônicos em apologia ao chamado belo sexo, mas sei que o gosto feminino atual está mais consonante com o fraseado sertanejo ou de comunidades ditas carentes, onde a rima pobre encontra seus congêneres, nesses “esquentas” da vida. Quando jovem, muitas vezes me vali de algum poema de Neruda como método de conquista, quase sempre infalível para demonstrar sensibilidade ao gosto feminino, sem revelar a apropriação intelectual, com o propósito de vencer minhas limitações estéticas em face de rapazes de feições apolíneas. Já cheguei a derrotá-los em algumas disputas, embora possa parecer impossível, mas eram outros tempos e outras as mulheres, e sei que hoje elas quase nem se atentam ao que a gente fala ao lado, somente meneando as cabeças distraídas, enquanto teclam mensagens nos seus telefones. São os tempos e costumes. Não faço aqui nenhuma confissão da linha Agostiniana, afinal ainda espero o sinal de Deus, naquela manifestação ao escolhido, seja pessoalmente, como a Paulo de Tarso na estrada de Damasco, ou em sonhos, para então buscar o meu deserto pessoal e, sozinho ali, vencer essas tentações que me escravizam. Posso parecer pretensioso, mas sei que, em algum momento das nossas vidas, todos já aspiramos à santidade. É menos tolo que querer ser sábio. Afinal, buscam-se mais os conventos e seminários que às bibliotecas, como atestam os censos e o pouco senso públicos. Faço essas considerações em razão da senda encampada pelo nosso Papa Francisco, em seu pontificado. Homem simples e notavelmente bom. Risonho e desapegado de formalidades no seu contato com os fiéis, somente mantendo as liturgias essenciais à preservação da própria Igreja Católica, razão de sua sobrevivência nesses milênios. Sua Santidade vem acenando com um perdão amplo aos pecadores de todos os matizes. Tolerância às diversidades, num evangelho acolhedor , onde as portas do inferno se fecham, abrindo-se o caminho do céu para todos. Ao menos é assim que percebo, na minha ignorância, suas intenções . Tudo isso porque é um homem bom. Pecador confesso, temo que o Santo Padre esteja enganado na sua vontade de acolher os homens, material e espiritualmente, com perdão amplo e irrestrito. De dar- lhes guarida, convencido que o amor de Deus é infinito e que o perdão depende apenas de uma confissão do pecador, mesmo sem o respaldo de mudança pessoal, na crença que são os mandamentos Divinos que devem se amoldar a nós, e não de nos colocarmos sob seu jugo, de suas ordens, do seu império. Ah, Santo Padre, esse caminho largo deixaria o inferno no limbo, vazio de almas, e o próprio Demônio perderia sua utilidade existencial, sob o escárnio dos pecadores em geral, libertos dos martírios de seu reino de fogo e óleo escaldante. Espero que o Papa Chico esteja certo, mas por cautela, temeroso, entrego-me à tarefa de ser justo em meu ofício, procurando dar a cada um o que é seu, enquanto vou pedindo perdão ao Criador por meus pecados, já públicos e publicados, porque no frontispício do meu ser brilha a advertência bíblica de que a porta é estreita, não larga, e que devo porfiar por entrar por ela.

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