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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Chuva, o melhor remédio

Waldyr Senna Batista

Não tendo assumido a tempo posição incisiva na questão da seca que assola o Norte de Minas, o governador Aécio Neves deixou escapar a oportunidade de mostrar que a região é a prioridade de seu governo, como sempre apregoou. Ao longo de todo o período, as poucas medidas adotadas pelo Estado foram tímidas e deixadas a cargo de setores subalternos, sem que o governador tenha se pronunciado.
Diante do vazio produzido, sob sol causticante, quem acabou marcando pontos foi o prefeito de Montes Claros, Athos Avelino, que fez exatamente o que se esperava do governador: arregimentou secretários, prefeitos, deputados, dirigentes classistas e chefes de repartições do próprio governo estadual, conduzindo-os ao gabinete do vice-presidente da república, a quem levaram o desesperado pedido de socorro. E o bom José Alencar, conhecedor do problema por ser ele próprio uma das vítimas, na condição de produtor rural na área, mesmo convalescente de mais uma cirurgia, mostrou sua agilidade de empresário levando todo o grupo ao gabinete de quem de fato tem poder de decisão, o presidente Lula da Silva.
A representação parlamentar da região também apareceu mal na foto, seguindo o estranho silêncio do governador. Que se saiba ninguém se moveu ao longo dos nove meses em que a seca fazia estragos. Nem os deputados genuinamente norte-mineiros e muito menos os indefectíveis pára-quedistas. Alguns se fizeram presentes na visita ao gabinete presidencial, o que foi positivo, pois serviu quando nada para mostrar coesão no momento de grave crise.
Mas tudo isso aconteceu com grande atraso, se comparado ao comportamento de políticos do estado do Maranhão, onde não chove há quatro meses (o regime de chuvas lá começa em junho). Noticiário da televisão mostrou que eles já se movimentam na esfera federal, antes que as coisas se compliquem. Aqui, foram quase dez meses sem chuva, e praticamente ninguém se deu conta de que era preciso fazer alguma coisa.
Acionado, o presidente da República mandou fazer, dando ordens para que alguns de seus ministros promovessem reunião de emergência para encaminhar as soluções reivindicadas pelos visitantes. E todos saíram felizes e satisfeitos, dando entrevistas, distribuindo releases para a imprensa e pronunciando discursos como se tudo estivesse solucionado. Talvez esquecidos de que, no serviço público, as ordens dadas na ponta superior levam uma eternidade para chegar à ponta inferior – quando chega. Por sinal, a reunião que seria realizada em 24 horas já ficou para a próxima semana, porque não houve como arrebanhar tanta gente que compõe os ministérios a serem chamados.
A máquina dos governos, em todos os níveis, é pesada, morosa e complicada, o que chegou a ser comentado durante a vilegeatura dos políticos norte-mineiros em Brasília. Foi citado caso ocorrido com verba de emergência aprovada no início deste ano para reparar prejuízos provocados pelas chuvas em outra região de Minas Gerais. A verba, de R$ 20 milhões, constou de medida provisória editada em abril, mas, até hoje, das vinte cidades beneficiadas, somente Maravilhas e São Domingos do Prata conseguiram vencer a barreira burocrática para receber R$ 400 mil.
Espera-se que agora as coisas sejam diferentes, até porque as medidas emergenciais em estudo, em sua maioria, referem-se a prorrogação de dívidas, concessão de financiamentos e abertura de novas linhas de crédito, quase todas na alçada do Banco central. Mesmo assim, os efeitos da visita ao presidente da República e ao seu vice demandarão tempo considerável. Como começou a chover na região na tarde-noite de quinta-feira, é provável que nas próximas semanas a crise esteja em grande parte esquecida. Porque, como diria o conselheiro Acácio, o melhor remédio contra a seca é chuva...

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