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Mensagem: Ao ler a crônica de Raphael Reys, onde narra alguns fatos dos antigos barbeiros de nossa terra,lembrei-me do primeiro barbeiro que cortei o cabelo. Permita-me inclui-lo na relação daqueles profissionais que fizeram história através dessa honrosa profissão. Carinhosamente chamado por todos de Nenzinho, nunca soube seu verdadeiro nome, seu modesto salão funcionou há vários anos na Rua General Carneiro na confluência com a Rua Melo Viana. Houve uma época em que ele se mudou, porém, para a mesma. Pois ali no bairro Morrinhos, mais precisamente na rua Melo Viana e adjacências residiam a maior gama dos seus fregueses. Religiosamente uma vez por mês lá estava eu em companhia de meus irmãos Gilson e Edílson a disposição das mãos hábeis daquele barbeiro.Nenzinho cuidadosamente colocava sob os “braços” da cadeira uma tábua, em seguida nos pegava no colo para sentar sob a mesma, envolvia o nosso frágil e pequeno corpo com um pano de uma brancura invejável. Nenzinho ajustava o óculos e com toda maestria de um bom profissional empunhava uma amolada tesoura em uma das mãos e na outra um pente. Eu ficava sentado e pelo enorme espelho percebia que aos poucos os fregueses se acomodavam nos tamboretes aguardando a vez. Alguns se distraiam jogando dama e dominó em tabuleiros improvisados e outros combinavam o local da próxima hora dançante.Eu ficava ali ouvindo e olhando meus cabelos caindo e ofuscando a brancura do avental. Entre uma tesourada e outra ele esquecia a arte do seu ofício e se envolvia no bate-papo com os clientes, onde comentavam sobre as ultimas notícias publicadas na revista O Cruzeiro. Ao recomeçar novamente o corte, notava-se pela sua expressão facial que algo estava errado, cessava-se o barulho da tesoura e de imediato ele exclamava “Vixi o corte tem que ser topete e não príncipe Danilo, senão seu pai manda voltar para cortar de novo”, o pente e a tesoura a partir de então ficavam esquecidos entre os vidros de colônias de cores diversificadas. Nenzinho de posse de uma máquina manual número zero começava a moldar o famoso topete, o frio do metal tocava minha cabeça e aos poucos devastava o que havia sobrado dos cabelos. Com as lágrimas contidas e com o topete por acabar, percebia através do espelho, encolhido no canto do salão, a tristeza dos meus irmãos. Gilson e Edílson com a voz contida murmuravam “ o nosso corte é príncipe Danilo”, mas o ouvido aguçado do Nenzinho escutava e sem se virar para os mesmos advertia logo com sua voz autoritária “todos é topete e pronto”. Por fim o carrasco em transformar belos cabelos em topetes, amolava uma navalha utilizando um pedaço de madeira já gasto pelo uso e determinava “fica quieto se não corta a orelha”. Eu ficava inerte e pensativo, com um topete tudo bem por que com o tempo o cabelo crescia, mas onde iria arrumar outra orelha. Ao final dos trabalhos do Nenzinho retornava para casa em companhia de meus irmãos e durante o trajeto ficávamos um olhando o topete do outro. A você Nenzinho e a todos os barbeiros daquela época receba essa justa homenagem.
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