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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A música mais que centenária de M. Claros levantou uma emocionada Curitiba, ainda há pouco, na apresentação de Natal no “Castelo Encantado”. É a cantata de fim de ano no edifício tricentenário do extinto Banco Bamerindus, espetáculo que todos os anos faz suspirar o Brasil. Centenas de crianças, entre elas órfãos absolutos, outras órfãos de pais vivos, entoaram músicas de Natal, por janelas que se abrem na venerável mansão dos sonhos. No meio, inesperadamente, eis que surgiu, em ritmo natalino, o “Deus Te Salve Casa Santa”, a música que os catopês se ajoelham para cantar, de cabeça baixa, já há quase duzentos anos, na humílima igrejinha do Rosário. O público devolveu com palmas, demoradas. Já havia aplaudido com igual fervor o Noite Feliz, Carinhoso de Pixinguinha, Panis Angelicus e, entre outras mais, a marcha Estão Voltando as Flores.<br><br>(Também adaptada para o carnaval, a música de Paulinho Soledade irrompeu pelas janelas iluminadas do Palácio da Avenida, a construção mais cultuada da capital paranaense. Por décadas, transferiu-se de boca a boca a lenda de que o autor, doente de tuberculose e já desenganado, no estertor dos últimos dias, recebeu uma dose de penicilina, potente remédio que acabava de ser descoberto. Melhorou milagrosamente, fez a música – “Vê, estão passando as nuvens – Vê, estão voltando as flores – Vê, há esperança ainda” –, com letra que explicaria sua súbita melhora, para morrer em seguida. Na verdade, a romântica história não passaria de estória, bem adaptada para a emoção da letra e da melodia, pois que o autor Paulinho viveu até depois dos 80 anos e morreu de exaustão natural da vida, no Rio de Janeiro. Foi um romântico piloto brasileiro, pioneiro da aviação, que migrou para os Estados Unidos e voou pela Força Aérea de lá. Já depois dos 50 anos, retornou ao Brasil para compor novas músicas. Entre elas, se não me engano, o “Pequenino Grão de Areia”, que “era um eterno sonhador”).<br><br>Para nós, desta musical M. Claros, fica o engasgo de ouvir bem longe o “Cálix Bento” pela boca das crianças cantoras que todos os anos suspendem a respiração do Brasil, pelo Natal. O arrebatado gesto de fé, recolhido na tradição dos catopês de M. Claros, provavelmente será mostrado pelas redes de TV. <br><br>O certo é que nesta noite a esperança cantou pela boca das crianças de Curitiba, em apresentação inesquecível, quando também os fogos de artifício iluminaram a mais civilizada das capitais do Brasil, bela, moderna, mas sabiamente de hábitos encantadoramente provincianos, certamente mais desenvolvida do que acometida de certo duvidoso progresso que golpeia a vida, antes de conservá-la e protege-la (como a ainda recente mutilação da avenida coronel Prates). M. Claros, lá estava. Por sua música, que sempre foi, e vai, na frente, abrindo os caminhos. (Lembrai-vos do ´caminheiro, não há caminho, o caminho é caminhar”.) Memorável noite de gala em plena Boca Maldita, celebrizada por Dalton Trevisan, o eterno ´vampiro de Curitiba´

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