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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Rastros do crime no país

Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)

Convido o leitor a acompanhar comigo a exposição que ora inicio e depois raciocinar sobre os fatos relatados. Apanho a primeira página de um jornal do Rio de Janeiro. O que encontro?
1- A Guarda Municipal tirou da Lagoa os flanelinhas que cobravam R$ 20 pelo estacionamento próximo à Árvore de Natal. A região virou um point noturno;
2- A Polícia Civil prendeu 22 pessoas e desbaratou uma quadrilha responsável por roubo e adulteração de gás na Baixada Fluminense;
3- Na Favela Pára-Pedro, na Zona Norte, 11 pessoas ligadas ao tráfico, incluindo dois PMs, foram presas.
Ainda na página de abertura do diário: Foi anunciada a deflagração de um ofensiva contra ONGs estrangeiras que atuam na Amazônia. Dados da Polícia Federal e da Abin detectaram a espionagem sobre biodiversidade, compra de terras e minério, além de interferência em tribos indígenas. Em negrito: o Governo admite que estas entidades se encontram sem controle.
Mas o quadro sombrio percorre todo o país. Nem me quero referir ao caso da moça atirada à sanha de criminosos na prisão de Abaetetuba, no interior do Pará. É algo tão grave, tão cruel, tão horripilante, que ainda busco a melhor forma de focalizar o assunto.
Acho que o Governo tenta cumprir o seu papel. Mas a situação é muito mais grave, ampla e complexa do que se suporia, porque o crime se enraizou poderosamente na sociedade. A própria sociedade o pratica; na melhor das hipóteses, com ela convive.
Tornou-se difícil dizer quem é honesto, porque, incessantemente, pessoas supostamente puras e intocáveis aparecem nas páginas de polícia. O especialista Luis Flávio Sapori, que já foi secretário-adjunto de Defesa de Minas Gerais, lançou um livro com o título “Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas”.
O próprio Sapori atribui ao aumento do uso de crack em Uberaba e em Montes Claros a intensificação da ação criminosa. Somente na segunda, registraram-se 73 assassinatos neste ano, até o momento em que escrevo estas mal traçadas linhas. E o fim do ano apenas se aproxima.
Belo Horizonte, a cidade que era dor de cabeça para os jornalistas dos anos 20 do século passado, não é mais a mesma. Antes, não havia o que o repórter averiguar na área policial, e escrever. A situação é completamente outra, agora, faltando espaço para tantos crimes. Afora aqueles que, de tão comuns, sequer merecem mais a atenção do jovem escrevinhador.
No dia do aniversário da capital, um professor universitário aposentado morreu, depois de golpeado na cabeça e no peito com uma pedra de mármore por três assaltantes que lhe invadiram a casa no Santa Mônica, em Venda Nova.
No mesmo histórico dia dos 110 anos de inauguração, quatro pessoas foram assaltadas por apenas um indivíduo, ao ousarem conversar tranqüilamente, no bairro Coqueiros, na Região Noroeste. Tiveram sorte: a arma falhou, exatamente quando o delinqüente apertava o gatilho contra a cabeça de uma das vítimas: uma jovem de 16 anos.
Este é o país em que vivemos, que todas as condições de ser uma das maiores potências do planeta. Tamanho não é documento, e há muito a fazer para se chegar a melhor sorte: para que possamos ser a nação do futuro, como tantos estrangeiros cultos preconizaram.
Será que, até lá, teremos de conviver com tão lamentável, degradante, estado de coisas? Parece que sim e os registros diários o demonstram, à suficiência. Mas, enfim, há um novo ano entrando no calendário. É hora de esperança. Esta não se pode perder.

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