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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: MUNDINHO ATLETA
Mundinho Atleta, Raimundo Muniz de Carvalho, sempre magro e corajoso, irmão de Quincas do Café, partiu no dia 30 de dezembro de 2007, penúltimo do ano.
A primeira imagem que tenho dele, em minha vida, é de quando Juscelino se elegeu Governador de Minas. Mundinho, elegantemente vestido, como sempre, foi colocado num platô de cimento, de mais de metro de altura, que havia em frente à vitrine da loja Ramos & Cia, na esquina da Rua Quinze (Presidente Vargas) com Simião Ribeiro, e fez um magnífico discurso saudando JK.
Posteriormente veio a fase da paixão por Maria Eugênia, filha de nosso querido Prefeito e amigo Geraldo Athayde, irmã de Cecília e de Cláudio. Mundinho queria mesmo, de todo jeito, se casar com Maruja que, educadíssima, jamais lhe fazia qualquer desfeita ou o humilhava. E quanto mais polidamente era tratado por sua Dulcinéia e até convidado para festas em sua casa, mais ardia aquela fervorosa paixão.
Mundinho freqüentava religiosamente o Bar de Zim Bolão, meu querido João da Silva Prates, na Simeão Ribeiro, ao lado do antigo Cine São Luiz. Lia os jornais e se inteirava dos acontecimentos de nossa aldeia do país. Depois, com aquele nobre ar intelectual de quem sabia das coisas muito mais do que aquela ralé inculta (nós, seus amigos e conterrâneos), ditava suas sentenças. E ai de quem não concordasse com elas...
Com a ditadura militar Mundinho assumiu a postura de Comandante Supremo das Forças Armados e Chefe da Revolução Redentora. Dizia que o General Presidente ligava para ele, diariamente, para discutirem as grandes questões nacionais. Creio que foi por este motivo que a turma passou a chamá-lo de “General”. Se alguém expressasse alguma idéia contra a ditadura, Mundinho caía de pau no infeliz e lhe ministrava, publicamente e com a costumeira verve, uma verdadeira aula de civismo. Imaginem, então, vocês, as broncas que eu, esquerdista atrevido e irreverente, levei de Mundinho, no Bar de Zim Bolão. Às vezes ele até dava ponto de briga se eu não me calasse, ou manifestasse respeito às suas idéias e opiniões, ou não me desculpasse por meu atrevimento. Onde já se viu catrumano contestar sumidades? No entanto, nossa grande amizade, serenados os ânimos, cessado o calor das pugnas intelectuais, sempre se reatava e nunca morria. Mundinho jamais deixou de gostar de mim e eu dele. Em 1996, quando lancei meu primeiro livro, as Estórias do Bala, em frente ao Café Galo, lá estava ele, para minha alegria. Tiraram uma foto nossa, que é um sincero aperto de mãos amigas. Guardo-a com o maior carinho e publiquei-a em meu site.
A família de Mundinho, gente tradicional, honesta e trabalhadora, cuidou dele, durante toda sua vida, com o maior desvelo, sem jamais desprezá-lo ou humilhá-lo. Só anteviam sua nobre lucidez e por isto sempre o tratavam como uma pessoa absolutamente normal, o que contribuiu, sem sombra de dúvida, para sua longevidade e para o não agravamento de seu problema. O que o amor faz pelas pessoas chega, muitas vezes, às raias do inexplicável. Na pessoa de Quincas do Café, quero manifestar a essa grande e amorosa família meu mais profundo pesar.
Adeus Mundinho Atleta! Até breve, amigo! Descanse em paz!

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