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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Para efeitos estatísticos<br>
Waldyr Senna Batista<br><br>O ano de 2007 despediu-se de Montes Claros deixando números apavorantes: 79 homicídios cometidos, média de 6,59 por mês. E 2008 chegou mostrando sua face assustadora, registrando o primeiro assassinato logo no segundo dia, prenunciando o prosseguimento da tragédia que se abateu sobre a cidade.<br>Lista cuja autoria é atribuída à polícia foi publicada contendo dados sobre os 79 crimes do ano passado, assegurando que mais de 70% deles foram esclarecidos. Mas, curiosamente, apenas um ou outro dessa relação traz nome de autor ou suspeito, dando a impressão de que os inquéritos instaurados são peças para cumprimento de formalidade legal, servindo mais para efeitos estatísticos.<br>Comum a praticamente todos os crimes é a forma como eles foram praticados, não deixando dúvidas de que são execuções comandadas por grupos envolvidos na disputa pelo controle do tráfico de drogas. As vítimas foram abatidas com disparos de armas de grosso calibre, e geralmente eram jovens.<br>Nas entrevistas que concedem, as autoridades policiais asseguram que trabalham intensamente para o esclarecimento desses crimes, e destacam a excelente estrutura aqui montada pelo Estado para tranqüilidade da população. Falam em batalhões, em ação articulada das polícias civil e militar, na existência do centro de recuperação de menores infratores, em cadeia moderna com capacidade para 600 presos e anunciam para breve a instalação de sistema de vigilância por câmaras de tevê para monitoramento da área central da cidade.<br>Tudo isso é verdade. Mas a dura realidade é que as pessoas continuam sendo executadas, residências são invadidas em plena luz do dia, veículos são arrombados e pedestres são assaltados nas ruas, compondo um quadro que só faz aumentar as preocupações quanto ao futuro. Pela quantidade de ocorrências, a nova cadeia seria pequena para acolher tantos criminosos, que entretanto continuam impunes.<br>O diagnóstico formulado pela polícia sobre o agravamento da criminalidade na cidade é correto. Ela avalia que, direta ou indiretamente, quase todos os crimes estão relacionados com o tráfico de drogas. Desde as execuções sumárias, até os pequenos furtos, que são praticados com o objetivo de levantar dinheiro para a aquisição de crack. Mas os chefes desse esquema não têm sido presos.<br>Há quem preconize que essa guerra entre quadrilhas, mais cedo ou mais tarde, levará ao extermínio delas. Mas trata-se de equívoco, pois a prática demonstra que a rede de traficantes tem altíssimo poder de recomposição. O colombiano Pablo Escobar, um dos maiores traficantes do mundo, ao ser preso no Brasil em suntuoso condomínio, de onde comandava seu império criminoso, não deixou dúvidas quanto a isso. Ele apareceu na televisão declarando, aparentemente sem intenção de deboche, que sua prisão em nada mudaria a situação: “Depois de mim vem outro, e outro, e outro”, declarou.<br>Em junho do ano passado, em Montes Claros, a polícia anunciou a conclusão de operação para desbaratar quadrilhas comandadas pelos traficantes Ninha e Malboro, trabalho minucioso conduzido durante vários meses pelo delegado Saulo Nogueira. A impressão deixada era de que ali se resolvia o problema de drogas na cidade, esperando-se também que se reduzisse a sucessão de assassinatos. Deu-se o contrário, com o recrudescimento das execuções, ficando claro que os dois bandidos tirados de circulação não eram tão importantes.<br>Apesar do otimismo com que se referem ao problema sempre que entrevistados, os dirigentes dos órgãos policiais da cidade têm admitido que há defasagem nos seus quadros, devido principalmente a aposentadorias de delegados. No momento, seria necessária a nomeação de 30, para que se realize trabalho eficiente.<br>Trata-se de dado crucial, considerando-se que, na guerra do tráfico, tão importante quanto os meios materiais, tidos como satisfatórios no momento, é o trabalho de inteligência. O não preenchimento desse quesito pode estar levando a polícia a perder a batalha.

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