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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O Rio como modelo

Waldyr Senna Batista


No episódio do início desta semana, que resultou na prisão de quatro bandidos ligados ao tráfico de drogas e suspeitos de participar das execuções em série que vêm ocorrendo na cidade, o que mais impressionou, entre outros pontos, foi o prontuário dos prisioneiros: Malboro, tido como chefe do bando e que disputa com Ninha o comando do tráfico, é foragido da polícia federal; Quinzim, tem registro de cinco entradas em prisões; Ricardinho, tem quatro; e Veto, dez.
Ou seja, todos são velhos conhecidos das polícias, daqui e de outras cidades, mas conseguem circular com desenvoltura, levando o pânico à população. Eles devem se valer de artifícios jurídicos ou de falhas processuais, como ausência de flagrante e não formação de culpa, que obrigam a soltura, e até mesmo da fuga.
O aparato bélico que exibiram durante o confronto de rua com a polícia também é impressionante: três pistolas automáticas .45 e 9 mm, um revólver 38, dois coletes a prova de balas, nove aparelhos celulares, várias chaves de fechaduras residenciais, uma faca tipo peixeira com lâmina de 30 cm, um punhal com 20 cm, dois chips de celular, cinco placas balísticas, 172 cartuchos de calibres diversos e treze cápsulas deflagradas calibre 380, além de um veículo com placa de Cuiabá (MT).
São fortes indícios de que esses marginais integram esquema criminoso muito amplo, cujo comando se localiza em outro estado. Malboro e Ninha (este já estava recolhido na penitenciária de Francisco Sá), que protagonizam essa disputa de quadrilhas, são o braço avançado de figurões muito mais poderosos na pirâmide do narcotráfico, que transformaram Montes Claros em rota para o Nordeste.
A troca de tiros com a polícia, a perseguição realizada nas ruas próximas ao centro, o isolamento das áreas transformadas em praça de guerra, compuseram cenário semelhante aos morros do Rio de Janeiro, em que se trava guerra civil não declarada. Montes Claros está à beira de situação parecida, e o principal componente disso são os 79 homicídios praticados aqui no decorrer do ano passado, além dos três ocorridos na primeira semana de 2008. Em todos, as vítimas foram jovens que se envolveram com drogas e se viram sem condições de saldar dívidas assumidas. A droga é trazida de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás.
A intervenção da polícia foi eficiente e providencial, e deve gerar novos enfrentamentos, pois os traficantes não entregarão facilmente o terreno conquistado. Se investiram tão pesadamente na cidade, ao ponto de desfecharem a guerra que está em curso, é porque têm encontrado retorno compensador. O mercado é promissor, e Montes Claros não se livrará facilmente do rótulo de cidade violenta.
No ranking atual ela ocupa a terceira posição, abaixo de Contagem e Belo Horizonte. Mas já esteve no 11° lugar. A estatística referente ao ano passado deverá ser divulgada pela Secretaria estadual de defesa social no próximo dia 15. Ela mostrará que a incidência dos chamados crimes violentos cresceu: foram 3329, o que significa 104 a mais em relação ao ano anterior (média mensal de 277,4). Porém, como houve declínio no segundo semestre, acredita o comandante do 10° BPM, Franklin de Paula Silveira, que Montes Claros passará a ocupar a sexta posição. Ele atribui essa mudança à intensificação do trabalho da polícia a partir de julho.
A PM tem seus motivos para comemoração, no caso de se confirmar essa previsão. No entanto, para a população, que vive sob pressão dos acontecimentos, o fato torna-se pouco relevante. No amplo universo de centenas de cidades, ser a terceira ou sexta colocada poderia ter alguma significação se os números revelassem tendência segura e continuada de queda, o que ainda não parece ser o caso. A população da cidade está muito longe de alcançar aquilo que a própria polícia denomina de “sensação de segurança”.

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