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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Algo mais que rapapés

Waldyr Senna Batista

O problema da seca tem se agravado, sem que se façam notar medidas consistentes para minimizar seus efeitos danosos.
A aparente agilidade demonstrada pelo presidente Lula da Silva, ao atender grupo de políticos e dirigentes classistas que a ele foram levados pelo vice-presidente José Alencar, e que deixou o prefeito Athos Avelino maravilhado, esgotou-se exatamente naquele gesto do presidente de telefonar a um ministro e determinar o atendimento das reivindicações. O ministro ouviu, realizou algumas reuniões sem muito entusiasmo, e o assunto acabou tragado pela burocracia. O presidente, por seu turno, em momento algum cobrou resultados.
Ficou bem evidente, nesse lance, como (não) funcionam as coisas no serviço público: as ordens emanadas da cúpula não chegam à base nem mesmo quando o personagem mais poderoso do sistema demonstra interesse. Alguém poderá até considerar que a movimentação articulada a partir do gabinete presidencial foi simples jogo-de-cena, o que seria injusto.
Ao que consta, está tudo parado à espera de resolução do Conselho monetário nacional (CMN), sobre prorrogação de dívidas e concessão de novos créditos com recursos do FNE, que é gerido pelo Banco do Nordeste. A agência local desse banco teve percepção antecipada do problema que se avizinhava e, já em novembro, sugeriu à sua direção superior plano de emergência para atender aos seus clientes em dificuldades. A sugestão foi acatada, mas inviabilizou-se ao se constatar que medidas referentes a renegociação de dívidas só poderiam ser adotadas se abrangessem também mutuários do Banco do Brasil. Como o BB não opera com recursos do FNE, não havia como estender-lhe as resoluções, a não ser que o CMN autorizasse. É aí é que a coisa pegou.
Diante das dificuldades, o prefeito Athos Avelino despertou do seu encantamento e resolveu recorrer ao governador Aécio Neves, em nome das mesmas lideranças que estiveram com o presidente da República. Está convencido agora de que as medidas do governo federal foram “tímidas” – quando sequer existiram – e convidou o governador a vir à região para conhecer a gravidade da situação.
Aécio Neves provavelmente não se dará esse trabalho, já que tem em mãos informações mais do que suficientes sobre a estiagem e os prejuízos que ela está provocando. O vice-governador Augusto Anastasia, que é o gestor da administração, já definiu a linha de ação do governo do Estado, que consiste na criação do Centro permanente de convivência com a seca, com sede em Montes Claros, cuja atribuição será implantar estrutura de proteção contra as estiagens. Paralelamente, ele aposta no pacote de medidas anunciado no mês passado, com grande estardalhaço, que prevê distribuição de sementes, construção de barragens, implantação de caixas dágua e concessão de financiamentos.
São medidas que, a rigor, visam a próxima seca, pois, mesmo que chova em fevereiro, não adiantará plantar e também não haverá água suficiente para ser armazenada quando os recipientes anunciados estiverem concluídos. Mas, de qualquer forma, embora com propostas tardias e insuficientes, o governo do Estado mostra alguma movimentação, ao contrário do governo federal, que prometeu e não cumpriu.
Na hipótese de o governador vir, os rapapés habituais não devem dispensar manifestações mais realistas, mostrando a ele que ainda há tempo de usar a importância do seu cargo e o peso do seu prestígio político com o propósito de obter do governo federal os recursos necessários para amenizar os prejuízos causados pela mais rigorosa estiagem dos últimos trinta anos. Que continua e vai se agravar

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