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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Como se faz a história

Quando releio a versão histórica, definida no livro “História do Terceiro Batalhão”, do major Anatólio Alves de Assis, relacionada com o ataque à Vargem Bonita, reduto de Antônio Dó, no município de Januária, nos idos de 1913, perpetrado pelo alferes Félix Rodrigues da Silva – o Felão, detalhado com minúcias como o “Canudos de Vargem Bonita”, passo a pensar se também a verdadeira história de “Canudos” como descrita magistralmente por Euclides da Cunha, teria ocorrido com está historicamente definida, como uma resistência heróica dos sertanejos de Antônio Conselheiro ou um massacre perpetrado pelo poder as armas.
Verdade que foram necessárias três expedições militares, a última com quase 5 mil homens e artilharia pesada para submeter os seguidores de Antônio Conselheiro. Registra a história que a população lutou até o fim. Será? Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Os homens sobreviventes foram degolados e os que resistiram até o fim foram baionetados numa luta corpo-a-corpo que se travou dentro do arraial, no dia 5 de outubro de 1897. Teria havia essa luta corpo a corpo ou foram simplesmente degolados sem resistência?
Os relatos militares não podem ser contestados pelos subordinados, como bem informa o major Anatólio Alves de Assis – “superior não mente”.
Ao definir o massacre ocorrida na Vargem Bonita, pelos atos do Felão, em 1913, o major Anatólio Alves de Assis, fundamentado naturalmente nas informações que foram passadas pelo próprio alferes Félix Rodrigues da Silva aos seus superiores, registra: “Mas como acontecera em Canudos anos antes, os rebeldes de Vargem Bonita não se entregaram. Morreram lutando. Como homens. Como valentes. Como sertanejos. No final restaram as mulheres e crianças. Aturdidas, desorientadas, mudas”.
Os fatos são outros. Não tendo podido prender ou matar Antônio Dó, que fugiu com seus homens, o alferes Félix Rodrigues da Silva, ferido em seu orgulho pessoal, inconformado com o desaparecimento de Antônio Dó, ébrio de cólera e insultado em seus brios militares, levantou-se da trincheira e mandou que os soldados percorressem o povoado, prendendo, sem exceção, todos as pessoas que encontrassem. Não houve resistência.
Postos todos os habitantes, homens, mulheres e crianças na praça do povoado, Felão, sem comiseração para com os infelizes moradores da pequena aglomeração urbana, mandou atear fogo às casas.
O fogo, com ímpeto destruidor, ia incinerando os ranchos um a um, enfumando o lugarejo. As chamas espalhavam fagulhas sobre o povoado, em flamifervente espetáculo, criando novos focos de incêndio, devastando tudo.
O terror espalhara-se pelo povoado. Pouco antes do meio-dia mais de cinco inocentes tinham sido fuzilados a sangue frio. Tal chefe, tal tropa. Os soldados, por suas próprias vontades, sem constrangimento, percorriam o que restou do povoado, roubando, deflorando virgens, desonrando mulheres casadas, assassinando a sangue frio quem se opunha.
Mas correta é a versão de Saul Martins: “Felão deu ordem para atearem fogo às casas, que eram cobertas de palha de buriti, a fim de escorraçar os “bandidos”, que se ocultavam nelas. (...) As casas eram ocupadas pelos respectivos donos e suas famílias, moradores do lugar, e não bandidos” (Antônio Dó, 3ª ed., Belo Horizonte, SESC/MG, 1997.).
Assim, muitas vezes, se escreve a história.
O “Canudos da Vargem Bonita” ficaria afirmado na história, se historiadores outros não tivessem desvendado os fatos e relatado os reais acontecimentos.

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