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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: MINAS É NORDESTE
Oswaldo Antunes

O norte de Minas tem uma parte de terras diferente do sudeste do País. Tanto quanto à biodiversidade e escassez pluviométrica, mas principalmente e por conseqüência, pela dificuldade natural de desenvolvimento. Se Minas são muitas, há uma que sofre mais: está no mapa, dentro de uma linha poligonal fechada, o “polígono das secas”. Nas previsões de chuva mostradas pela televisão, esse pedaço de Minas aparece quase sempre com céu aberto. Durante anos, mesmo após a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, essa parte, com algumas características do semi-árido para onde o governo federal está projetando levar as águas do São Francisco, ficou fora das providencias de combate dos efeitos das estiagens. Foi necessário intenso trabalho de convencimento, até o presidente da Câmara dos Deputados, sr. Raniere Mazilli, ao ocupar interinamente a Presidência da República, decretar o que devia ter mudado o mapa do Brasil: o Norte de Minas passou a fazer parte da região Nordeste do País.
Vale lembrar esses detalhes no momento em que a estiagem cíclica volta forte, caracterizando a chamada “seca verde”, quando chove apenas para brotação, mas não para reserva de água. A não ser o trabalho criterioso do Exercito, com pouco recurso na distribuição de água, o governo federal ou estadual, nada fez para minorar os efeitos danosos. E quando se diz nada, é porque não se consideram as promessas recorrentes, destituídas de esperanças. A captação de água do subsolo, que era feita pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca, cujos poucos poços tubulares ainda são usados, parou completamente quando o órgão foi extinto. A recriação da Sudene ainda é lastimável balela diante da sede das pessoas e da mortandade de animais.
Em vez de enviar graníferas para plantio que não pode ser colhido, o governo do Estado poderia planejar o redirecionamento da atividade rural para a produção de oleaginosas e fabricação de biodiesel, ou outra sustentação da economia regional. Porque nem mesmo em véspera de eleição o marketing oficial consegue iludir o sertanejo com a possibilidade de regar sua plantação com apenas suor e lágrimas. O problema passa de governo para governo desde o “ano da fumaça”, quando o incêndio da vegetação toldou o céu sem chuva e a população se alimentava de raízes de umbuzeiro. Talvez à mesa farta dos palácios não convenha a noticia de que essa alimentação costuma repetir-se ainda hoje.

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