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Mensagem: DOS CARNAVAIS Pondera Arnaldo Jabor, que o carnaval se tornou uma paisagem de nádegas! Costume esse, implantado no mundo das competições carnavalescas, das escolas de samba, pelo arquiteto da avenida Joãozinho Trinta. Esse carnavalesco inventou também o estigma de carros alegóricos “para cima”, visando fazer bonito para a mídia internacional e atrair, com isso, estrangeiros barrufados de grana ávidos de Brasil. Now, carnaval is Money!’ No espetáculo momesco, vale de tudo. Até roupas de mendigos. O que não pode faltar são nádegas expostas. A mística do bumbum feminino vale tanto em carnaval, que Rosa, a carnavalesca, levou a sua escola para a cabeça, somente pelo samba enredo: bumbum/pratibumbum/gurugumdum! Carnaval que é carnaval mesmo só em metrópoles, onde prevalece a influência negra. Daí, Rio de Janeiro, Salvador, os trevos do Recife e a animação dos blocos de rua em São Luiz no Maranhão. Em São Luiz, a ilha do amor, nos dias oficiais do carnaval, a população enlouquece! Lota o Centro da Capital e faz um carnaval pura energia. Porque eles, os afros descendentes, foram os inventores da malevolência, do gingado, do ritmo tirado dos tamborins, da cuíca, das caixas de percussão, dos agogôs e da explosão de sensualidade de corpos desnudos. Tudo aliado à mística cachaça. A marvada inebria os sentidos, libera os preconceitos e faz esquentar os sentimentos, devidamente sincronizados no inconsciente, pelos mantrans do tambor. Nos campesinos carnavais dos Montes Claros dos nossos anos 50, as fantasias de tafetá bem elaboradas pelas cuidadosas mães e os lança perfumes Rodoros de metal grande, comprados pelos pais no Armarinho Jabbur, controlado o consumo até o último dia do reinado de Momo. Confetes molhados, serpentinas trançadas no espaço e no tempo, chapéus de pierrôs, corações vermelhos de colombinas, sapatilhas de cetim umedecidas com água de cheiro colorida. O luxo da fantasia de Nice David, a roupa de yalorixá de dona Afra Bichara com seus trejeitos, suas pulseiras e colares de contas e coco e ouro. O luxo da roupa de Zorro de Biô Maia e Reinaldo Simões, a fantasia de gata misteriosa de Preta Reis, a dançarina de boleros. A batida insistente e incansável do tambor de Roque Barreto, a clarineta de Nelson Cabeleireiro e a percussão da bateria de Antonio Augusto Soldado, irmão de Théo Azevedo. Os rostos pintados dos rapazes e moças do interior, escondendo os seus egos campesinos e os costumes preconceituosos fruto da subserviência religiosa. O luxo da noite no Cassino com suas damas das camélias vestidas com seda e cobertas de jóias. Rapazes de mandarim, de imperador, de rei, de Zorro, de Roy Rogers. No esplendor da noite de pecados tropicais, do cassino, uma loura baixinha e encrenqueira fantasiada de Luz Del Fuego vestida apenas com duas cascas de banana nanica! Pelos corredores o eco das vozes cantado em uníssono: Foi numa casca de banana que pisei/pisei/escorreguei/quase caí/mas a turma lá de trás/gritou/uuuu.../tem nego bebo aí/tem nego bebo aí...
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