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Mensagem: Fuga do NordestinoRuth Tupinambá GraçaTudo parado, parado e morto.Sol em brasa, bota fogo nas matasFura o cipoal retorcido, emanharado,Penetra no cerrado estorricadoSapecando árvores finas, tortas e peladas.Um lept, lept, lept... indeciso, fracoQuase arrastado,Quebra o silêncio funéreo...Alpercatas grossas de couro cru,Soltam pegadas fundasNo areião fumeganteDaquele chapadão deserto.Alguém foge e foge sozinho...De alforge e cabaça nas costasArrastando-se, a goela secaEspectro da fomeNa lonjura das caatingas...Nada sobrou da terra madrastaPro nordestino enjeitado e sem destino.Da “rocinha” com o suor regada,Nem um caroço vingou.Não foi pouco a cadela,“Bichinha” só faltava falar,E o papagaio “tão prosa”Que a fome matou.Deixa pra trás a vaquinha,Peito em muxibas,Canela esticada,Língua pra foraFormiga pinicando,Olhos abertos parados, sem vida.Abandona o seu ranchoOlhos fitos no céu.Num delírio febril,Ele sonha com as chuvas.Pingos grossos caindo,A cabeça molhadaBafo quente,De terra encharcada.A fumaça subindoDa terra rachada.Carcarás voando baixinho,Olhos duros fitando pertinho,Azas negras como leques soprando,A morte arrepiando-lhe os cabelos.Alquebrado, sem forçasSuas pernas fraquejam,Seu corpo rasteja.É apenas um vermeSobre a terra sedenta.
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