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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O apagar de uma estrela

Manoel Hygino (Hoje em Dia)

No dia 20 de dezembro, faleceu Suzanne Pleshette. Praticamente ninguém sabia mais quem fora esta atriz do cinema. Chico Lopes, escritor e crítico, inspirou-se no fato para uma bela crônica sobre sua morte, mas também a dos velhos cinemas e de velhos sonhos.
Verdadeiramente não faleceu apenas a estrela de “O candelabro italiano” e de “Os pássaros”. Desde sua participação nesses filmes e sua exibição nos cinemas, muita coisa desapareceu entre nós e dentro de nós.
Suzanne tinha 70 anos e, após as mencionadas películas, só foi importante em seriados de TV americana. Os de ainda boa memória poderão recordar acordes de “Ai-di-lá”, que tangeram corações naquele período dos anos 60. No filme de Hitchcok, era ela a professora atacada e morta pelas aves.
Ah, como o tempo não pára e, impiedosamente, nos vai comprometendo!... Em suas doces remembranças, Chico fala do tempo de criança em sua natal cidade de Novo Horizonte, SP, quando começou a usar calças compridas, mas era impedido de entrar no cinema, porque não chegara ainda aos 14 anos.
Também nós, lendo a crônica, nos retrocedemos à época da meninice, quando chegados do interior, tínhamos de sair da rua Mucuri, na Floresta, (a casinha existe ainda) e, depois nos dirigíamos à casa de espetáculos com o nome do bairro, saboreando os caramelos comprados na Lalka, a meio do caminho.
Mais atrás no tempo, as lembranças muito vivas, mesmo hoje, do Cine Montes Claros, do São Luís e do coronel Ribeiro, que marcaram, principalmente os dois primeiros, aquela fase doce da vida.
Não tínhamos ainda os interesses aguçados pela adolescência. Mais nos praziam os filmes do faroeste, com Tom Mix, Hopalong, Cassidy, Buck Jones, que pareciam ter mais a ver com o clima turbulento Norte-mineiro. As casas de cinema fecharam as portas, encerraram atividades, as crianças de então não mais existem, nada praticamente resistiu ao tempo. A não ser alguns sobreviventes, recalcitrantes, entre os quais nos incluímos.
Os velhos caubóis sequer são lembrados nas exibições de filmes nos horários próprios do vídeo. O aprimoramento crítico, o despertar do gosto por produções mais sofisticadas só viriam muito tempo após, quando participamos, inclusive do velho CEC.
As crianças e adolescentes gostávamos, sim, da troca de tiros entre bandidos e mocinhos e torcíamos pela vitória destes. Apreciávamos muito os cavalos ensinados e obedientes, uma espécie de protagonista quadrúpede, auxiliando o homem na luta contra o mal.
Gene Autry - acho que assim se escreve - era um dos astros mais populares, cantando músicas “country”, que se modificaram com o correr do tempo e perderam a autenticidade das composições e letras originais. Velhos e bons tempos!
Sequer mais nos lembramos se as casas de exibição tinham ventiladores... As atenções eram outras e outros os interesses. Hoje, em Belo Horizonte ou Montes Claros, nem coragem têm os pais de autorizar a ida dos filhotes às matinês ou soares, diante da violência e do assédio da droga.
Estou certo de que os que viveram àquela época discernirão entre a alegria daqueles dias, os suaves mistérios apenas sonhados da vida que se abria. É lugar comum mas perfeitamente verdadeiro. Éramos felizes e não sabíamos!

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