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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Manoel Hygino
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A guerra diante dos olhos

Gostaria de assimilar as informações sobre a redução de assassinatos, de violência enfim, no país. Não é exatamente o que a imprensa divulga, ela freqüentemente acusada de publicar o que não é rigorosamente verdadeiro ou de tomar partido em determinados assuntos. Aliás, aliar-se a uma causa é seu dever, principalmente se a causa é boa.
Em minha cidade natal, nunca se matou tanto como em 2007. Nos primeiros 25 dias de 2008, a morte pintou de sangue as suas vias públicas, no centro urbano e na periferia. Como nas megalópolis. Nada menos de oito assassinatos foram registrados em janeiro. São crimes que predominam entre gente jovem, brigando por droga, na mais das vezes. Mas, em várias cidades mineiras, rapazes matam moças, ainda adolescentes, por motivações amorosas. São duas vidas apenas iniciadas que se perdem, marcando toda a família.
Minas Gerais se situou como 11º estado mais violento, além de liderar a lista de execuções de jovens, como sublinhou o jornalista Jáder Rezende. Aliás é nesse contingente que se registra o maior índice de crescimento em homicídios, representando 31,3% no Brasil.
Belo Horizonte aparece como a quinta capital mais violenta, após Salvador. Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Aqui, em 2006, houve 1.168 assassinatos contra 1.298 em 2005. A maior causa de homicídios, em todas as partes do Estado, é o tráfico de drogas.
Estudo da Rede de Informações Tecnológicas Latino-Americana mostra que 73,3% dos homicídios cometidos no Brasil se concentram em 556 cidades (10% do total de 5.564), que têm 44,1% da população. Entre 1996 e 2006, o número de assassinatos cresceu 20%.
O pico foi em 2003, com 51.043 vítimas, com decréscimo após o Estatuto do Desarmamento.
Quem assiste pela televisão as reportagens sobre a violência no planeta, sobretudo no Iraque, Afeganistão, Paquistão, Quênia, Oriente Médio e, mesmo, na Colômbia, não tem idéia muito correta sobre o que ocorre junto a nós, aqui no Brasil, abençoado por Deus.
Terra de moleque bamba, que tem samba no pé e pandeiro (e muito luxo, como se mostrou no carnaval), o Brasil registrou, nos últimos 25 anos, quase 800 mil mortes em situações violentas. Encontramo-nos entre os mais violentos da Terra, com cerca de 28 homicídios para cada 100 mil habitantes.
A Editora Fundação Getúlio Vargas lançou, recentemente, o livro ´Homicídios no Brasil´, com um artigo de Daniel Cerqueira, Waldir Lobão e Alexandre Carvalho, chamando atenção para o problema. O artigo leva o título de ´O jogo dos sete mitos e a miséria da segurança pública no Brasil´.
Que mitos são estes?
´Segurança pública é caso de polícia´, ´é preciso uma polícia dura´, ´os direitos humanos deveriam existir apenas para os cidadãos de bem´, ´o problema social´, ´a polícia só pode enxugar gelo´, ´a questão é muito complexa´, ´depende de toda a sociedade´, e ´os governos pouco ou nada podem fazer´, ´o problema é meramente da falta de recursos´, ´com mais direito serão resolvidos´, ´com mais viaturas e policiais resolveremos´ e ´com o crescimento econômico o problema será resolvido´.
Será?
Os autores do artigo não estão convencidos disso. Um deles observa: ´É importante acabar com certos mitos e declarações equivocadas, sentidas em projetos que pregam a solução da questão do crime no Brasil´.
Enquanto se fala, se escreve, mata-se e morre-se. Nos últimos cinco qüinqüênios, houve exatamente 794 mil assassinatos.

(O jornalista Manoel Hygino é montesclarense)

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