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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: As lágrimas de Pedro

Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)

Dias atrás, lembrava aqui a provável princesa, filha de Pedro I, falecida e supostamente sepultada em Montes Claros, segundo a versão popular, acolhida pelo historiador Hermes de Paula. Para o professor Dário Teixeira Cotrim, da Unimontes, também historiador e integrante do Instituto Histórico e Geográfico local, há mais do que suposições. Ele o conta no primeiro número da revista do IHGMC.
A princezinha era filha do imperador e de uma mucama do paço real. Descoberta a ligação e o seu fruto pela imperatriz, esta queria que mãe e filha fossem para Angola. Sabedor do projeto, o jovem e impetuoso filho de João VI fez com que ambas partissem para o Tijuco. Como ali grassava um epidemia de varíola, deslocaram-se para as Formigas de Montes Claros, aos cuidados do sargento-mor Jerônimo Xavier de Souza, em meados de 1823.
Já enferma, a criança faleceu poucos dias após. Assim, o sargento-mor contou ao padre Feliciano Fernandes de Aguiar, que determinou o sepultamento junto ao antigo altar-mor da capela, hoje matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José. A mucama sobreviveu e se casou com Jerônimo.
Falta apurar mais: quando ocorreu o óbito? Qual o nome da mucama? Qual o da menina? Com que idade deu-se o falecimento, informações que certamente não foram destruídas e que lançariam luzes sobre o caso. Do casamento deve existir registro, assim como de prováveis filhos nascidos da união.
Dário Teixeira Cotrim cita “namoradas”, como se diz, do soberano: as francesas Noemi Thierry e Clemence Saisset; a brasileira Maria Benedita Delfim Pereira; a uruguaia Maria del Carmen Garcia; e a monja portuguesa Ana Augusta. Não há desdouro em desvendar os nomes da mucama e de sua filha, portanto.
A princezinha de cabelos louros e olhos azuis convivia bem com Maria da Glória e Januária e com o meio irmão Miguel, filhos da imperatriz com Pedro. Aquela, aliás, a tornaria a rainha D. Maria II, de Portugal, conduzindo a coroa por muitos anos.
Pelo falecimento da imperatriz, quando se encontrava em Rio Grande, RS, Dom Pedro sofreu um grande impacto. Mudou de gênio e comportamento, afastando-se de Domitilia de Castro e demais.
Viriato Corrêa registra que ficou arredio, silencioso, retraído. Sua dor teve sulcos de sinceridade comovente.
Ao receber a notícia, chorou abundantemente. O corpo tremeu e teve uma crise de nervos, segundo Carlos Seidler. Voltou imediatamente ao Rio de Janeiro, fechando-se por oito dias no palácio de São Cristovão. Escreveu um soneto doloroso, imperfeito na forma, mas pleno de ternura.
Com a morte de Lepoldina, caíra em si, arrependendo-se da vida escandalosa de conquistador de mulheres e de mancebia pública, roído de remorsos pelo que fizera à doce arquiduquesa, resignada e amiga.
A marquesa de Santos, que esperara que o passamento de Leopoldina pudesse levá-lo a aproximar-se dela, percebeu que acontecera exatamente o contrário. A crise se prolongou, e D. Pedro comunicou à amásia que já se procurava uma nova rainha na Europa.
Num banquete na Quinta da Boa Vista, o imperador fugiu e foi visto a soluçar num quarto, junto ao leito, abraçado ao retrato da falecida rainha. Domitilia quis consolá-lo em seus braços, mas ouviu duras palavras:
- Larga-me! Sei que levo vida indigna de um soberano. O pensamento da imperatriz não me deixa.

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