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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: CYRO DOS ANJOS, MEUS FILHOS E A TIA BEATA O dia de minha posse na cadeira 34 da Academia Montes-clarense de Letras foi o mesmo da inauguração da nova sede do Diretório Acadêmico Cyro dos Anjos, da Faculdade de Direito do Norte de Minas. Os estudantes haviam programado uma homenagem a seu patrono, nosso grande homem público e festejado escritor, da Academia Brasileira de Letras. Convidado por eles, Cyro veio, com a esposa, do Rio de Janeiro. Já nos conhecíamos, há muitos anos, porque eu era vizinho de sua parenta Alice Versiani dos Anjos (Zinha), na Presidente Vargas, e toda vez que ele vinha à nossa aldeia e a visitava, dava uma passadinha lá em casa. Meu pais tinham tanto orgulho dessa amizade que, em minha juventude, me aplicaram três livros de Cyro: “O Amanuense Belmiro”, “Abdias” e “Montanha”. Pois bem, no entardecer daquele dia, Cyro apareceu, com Lilita, em minha residência, na rua Irmã Beata. Eu, que sempre o tivera na conta de sisudo intelectual, conheceria um novo traço de sua personalidade. Era alegre e extremamente bem humorado. Aprontou as mais espirituosas brincadeiras com meus três filhos, que logo tomaram conta dele e, em pouco tempo, já pulavam de seu colo ao solo, exibindo dotes acrobáticos. Instei os meninos a se quietarem. Cyro, no entanto, pediu-me para deixá-los à vontade e ainda disse que adorava brincar com crianças e que, menino, ficava possesso quando alguém o indagava sobre o que queria ser quando crescesse. Meu filho, atento à nossa prosa, lembrou de uma tia que, mal o via e às duas irmãs, logo fazia essa mesma pergunta. Resolvemos, então, ensinar aos petizes como respondê-la. E não é que aprenderam? Dias depois, a tia vem nos visitar. Os meninos chegaram à sala. Ao vê-los, abençoou-os e perguntou a Gustavo: — O que você vai ser quando crescer? — Vou ser gigolô, tia. Antes que ela dissesse qualquer outra coisa, Luciana e Thetê, ansiosas e sorridentes, responderam a uma só voz: — Vou ser puta, tia. A pobre tia se benzeu, retirou-se às pressas de minha casa, correu para a primeira igreja que encontrou e mandou celebrar uma missa em intenção daqueles seus corrompidos sobrinhos. Minha sorte foi os meninos não terem respondido de uma outra forma que os havíamos ensinado: — Não sei. Só não serei um daqueles chatos, que ficam fazendo perguntas cretinas a crianças.

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