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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: MONTES CLAROS DO MEU TEMPO

José PRATES


No sete de setembro, o Tiro de Guerra, com o pavilhão nacional, sob a guarda de seis atiradores de fuzil ao ombro, iniciava o desfile, sob o comando do Sargento Moura, instrutor do Tiro, garboso em seu uniforme de gala. Saía da Praça da Matriz, local de concentração, seguido pela Escola Normal com as jovens de uniforme azul e branco, colorindo o ambiente festivo. Os colégios e grupos escolares, vinham logo depois com os alunos pisando firme no calçamento irregular das ruas centrais. O rufar dos tambores ecoava longe e as calçadas enchiam de povo, de bandeirinhas na mão, aplaudindo a imponência do desfile.
Não havia na cidade, nenhuma unidade militar, exército ou policia, como existe hoje. Existia para formação de reservistas do Exército, o Tiro de Guerra que ministrava instruções e adestramento militar durante o período de um ano, aos jovens residentes no município que atingiam a idade de convocação, cumprindo assim a obrigatoriedade do serviço militar, sem a necessidade de incorporação às forças armadas, não interrompendo, portanto, nem estudos, nem o trabalho. O uso de farda, igual à do exército, era obrigatório, apenas, durante as instruções, que eram dadas sem prejuízo das atividades escolares e laborativas dos alunos que não eram considerados militares, mas, simplesmente alunos ou atiradores, como eram tratados pelo instrutor. Os rapazes residentes no campo, considerados agricultores, eram dispensados da obrigatoriedade do serviço militar, ficando o Tiro de Guerra restrito aos residentes na cidade. Ao final do ano de instruções, uma comissão de militares do Exército, composta por oficiais e sargentos, vinha a Montes Claros para proceder ao exame final nos alunos. Todos que fossem aprovados, geralmente todos eram, recebiam o certificado de reservista de segunda categoria.
A sede do Tiro de Guerra nr. 87 comumente chamado de TG 87, ficava no início da Rua Melo Viana, bem perto da estação ferroviária, numa praça que servia de campo para instruções de “ordem unida” e educação física. O prédio, tinha um salão com carteiras, cerca de cem, uma mesa e quadro negro. Era uma sala de aulas. Ali, pela manhã, quando nas férias, e à noite em tempos normais, os alunos ou atiradores, recebiam aulas teóricas sobre armas e procedimentos em combate. Aos domingos, o Tiro deslocava-se para o campo, onde os alunos recebiam instruções sobre a movimentação da tropa no terreno e exercício de tiro.
O Sargento Moura que chegou ao Tiro de Guerra nos idos de 1940, como terceiro sargento, ali foi ficando, aos poucos se integrando à sociedade local, e só deixou a função ao final da carreira, creio que em 1952, quando foi transferido para a reserva como primeiro tenente. Mudou-se da sede do Tiro para o Hotel São José e ali ficou, não sei quanto tempo. Depois dele, veio o Sargento Menezes, recém chegado da Europa com a Força Expedicionária Brasileira que lutou na Itália, quando da segunda grande guerra. Os atiradores vibravam ao ouvi-lo contar suas peripécias no campo de batalha. Ficou pouco tempo. Indicado, ainda na Itália, para promoção a Tenente pelo seu desempenho como comandante de pelotão, foi promovido e desligado do Tiro. Outros sargentos vieram até que o TG 87 fosse extinto com a instalação de um batalhão de infantaria na cidade. Ai, eu já não estava mais lá. .
O TG 87 fez parte integrante de Montes Claros e teve influência na formação de muitos jovens daquela época, hoje senhores respeitáveis, comerciantes e empresários, como João Leopoldo, Nivaldo Maciel e muitos outros.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal, percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a família. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente adido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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