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Mensagem: Legislativo em criseWaldyr Senna Batista1) “O Congresso deixou de votar, de legislar, de cumprir sua função. É uma agonia lenta que está chegando a um ponto culminante”.2) O Legislativo “... não é mais uma voz da sociedade, não é mais uma caixa de ressonância da opinião pública. Está meio sem função”.3) “O Congresso está na UTI, e ninguém do mundo político percebe que esse desapreço pelo Poder legislativo é uma coisa que está minando as suas bases de sustentação e que a qualquer hora poderá haver um momento de maior tensão, de crise entre os poderes”.4) “Hoje, o Congresso só quer atuar na fiscalização de outros poderes, através das CPIs, mas esquece que precisa antes fazer uma faxina dentro de casa”.5) “A política hoje é o seguinte: quem já entrou sem dinheiro tenta sobreviver. Mas quem é liso, não tem mais vez. Só vão entrar os endinheirados ou quem está atrás de mais dinheiro”.6) “Muita gente está lá apenas para aprovar umas emendazinhas e conseguir uns cargos para se reeleger. (...) Os políticos se contentam com isso e, sem saber, fazem um mal danado ao Legislativo. A Casa pode desmoronar do jeito que vai”.Os trechos acima foram extraídos de entrevista concedida à revista “Veja” pelo presidente do Senado federal e do Congresso nacional, o senador, pelo Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves. Ele fala tendo como foco o Senado e a Câmara dos deputados, mas sua análise se ajusta a qualquer município, na proporção que cada um ocupa no contexto geral.A Câmara municipal de Montes Claros, por exemplo, vem se amesquinhando há várias legislaturas, não mais sendo cenário para o debate de assuntos de relevância. Tem perdido a importância, na medida em que seus integrantes, em grande maioria, não fazem por onde justificar a distinção que lhes conferiu o eleitorado. Sua atividade legiferante é quase inexistente, circunscrevendo-se quase a projetos de iniciativa do Executivo. De iniciativa própria, os vereadores limitam-se quase exclusivamente aos títulos honoríficos que, pelo excesso, perderam o significado. No entanto, está em curso, entre eles, disputa nada edificante para apontar quem apresenta maior número de projetos dessa natureza ( o recordista do ano passado teve absurdas 84 propostas).Ao aventurar-se em outras modalidades, seus autores demonstram não se dedicar aos aspectos éticos e constitucionais de suas proposições, já tendo sido aprovadas leis que versam sobre radiodifusão e trânsito, que são de competência exclusiva da União. A recente instituição de mais um feriado, o da consciência negra, em outubro, veio na contramão do bom senso, que recomenda a extinção e não a criação de feriados, que representam sangria na economia do município e do país. O projeto do meio passe para estudante no transporte coletivo deixa as gavetas de quatro em quatro anos, por coincidência sempre em ano eleitoral. No de agora, a discussão do assunto tem provocado tumultos, com envolvimento policial, o que serve para amplificar o debate, mas sem qualquer referência ao efeito negativo da medida pretendida, que é a elevação do preço da tarifa; quem paga, que é a maioria, vai ter de pagar ainda mais.Impedidos de apresentar projetos de lei que aumentem despesas, resta aos vereadores faixa mínima de ação, que deveria ser rompida com criatividade, atributo de poucos. A saída, então, é o apelo ao clientelismo, usando o rádio e a televisão, que oneram demasiadamente os cofres públicos e servem apenas para recados eleitorais de qualidade sofrível. Ultimamente têm gerado troca de acusações de apropriação indébita da paternidade de serviços como encascalhamento de ruas e recuperação de estradas rurais. Quando fala em crise no legislativo, o senador Garibaldi Alves mira camadas muito acima desse vale-tudo paroquial. E nisso ele ganhou o respaldo do ministro Gilmar Mendes, que vem de assumir a presidência do STF ( Supremo tribunal federal ). Ele falou em “quadro de caos no legislativo”, referindo-se ao excessivo número de medidas provisórias editadas pelo presidente da República, que contribuem para “entulhar” de processos o Judiciário. Segundo ele, há no Brasil um “emaranhado de leis, a ponto de ninguém saber o que está em vigência”. Opinião da principal figura da mais alta corte do País. Ele não disse, mas sabe muito melhor do que ninguém, que nos municípios a situação é muito pior.(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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