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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Isto não é democracia

Fui professor durante belos vinte anos e tenho orgulho dessa passagem, para mim histórica, de minha vida. Hoje não me disporia a exercer esta sublime profissão.
Assisti aos noticiários televisionados de hoje, o terremoto na China e outras notícias. Da Globo passei para o Fala Brasil e encontrei reportagens terrificantes sobre a situação dos professores em algumas capitais deste País. Ao vivo professores sendo espancados por aluno ou grupo de alunos, em plena sala de aula. Grupos de alunos, dominando áreas dentro da escola para uso de drogas. Isto, para meu entendimento, é inadmissível. Um aluno de quatorze anos levanta-se da cadeira e dá um soco na professora, em plena sala de aula.
A explicação dos menos avisados vem rápida: droga.
Não é somente pelo possível uso de drogas que tem ocorrido a desrespeito à autoridade do professor nas escolas, principalmente nas públicas, é pelo desrespeito ao princípio de autoridade.
Não apenas porque fui professor, em tempos outros, mas porque a classe de professores é a que deve merecer maior respeito em nossa comunidade dita civilizada, apesar dos salários recebidos, que saiu em defesa da classe.
Fatos como esses têm sido presenciados em razão de entendimentos diversificados do que seja uma democracia (leia liberdade).
Em qualquer sociedade humana (sem falarmos nas formigas ou nas abelhas) deve existir um vínculo de subordinação, através de escalões sucessivos, que define os limites de autoridade, de superior a subalterno, sem o que se perde o controle da própria sociedade, estabelecendo-se o primado da anarquia.
Não se pode negar que tais abusos, que se vão tornando permanentes, têm sua origem primeira nos postulados da atual Constituição brasileira. No texto constitucional existem acentuadas limitações à atuação da autoridade, posto que escrita, votada e posteriormente entregue aos brasileiros como sua lei maior, como uma reação legislativa contra o regime militar anteriormente vigente. Nela, na Constituição, destacam-se direitos, com exaltação dos interesses sociais e coletivos, sem considerar as obrigações e os deveres sociais e cívicos, que se exige de todo indivíduo, que vive em sociedade.
Na esteira da Constituição, leis ordinárias e resoluções normativas têm sido editadas excluindo o princípio da autoridade, principalmente nas escolas.
Não seria necessário voltarmos aos bons tempos da palmatória, tempos que me trazem agradáveis recordações, quando éramos levados a bater (com a palmatória) em um colega que não acertava a tabuada. Era um castigo que não magoava, mas incentivava. Mas é imperioso que o princípio da autoridade seja restabelecido.
Hoje nada, ou quase nada, se pode fazer para conter a elevação da desordem dentro das escolas. Em tempos outros havia o instituto da expulsão, da extinção do mau elemento do convívio escolar. Se o criminoso deve ser preso (afastado da sociedade) como deseja toda a sociedade (lembremos do caso Isabella), por que o mau aluno, que pratica ilícitos nas escolas, não pode dela ser afastado como ato punitivo, ouvido o conselho escolar?
Não me animaria, hoje, a ser professor, especialmente nas escolas de primeiro e segundo graus, porque não tenho vocação para mártir, para o sacrifício ou o sofrimento por um trabalho.
A primeira educação deve nascer na família, o que nem sempre acontece. Em seguida vem a escola que instrui, mas não está podendo educar.
Estamos efetivamente vivendo tempos difíceis.

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