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Mensagem: A hora de transposiçãoManoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´) As notícias são incompletas, nem completas poderiam ser, senão se tornariam relatório. Mas o Brasil, no fundo, não sabe exatamente de que se trata a transposição do São Francisco, cujas obras começaram com trabalhos preliminares pelo Exército. Segundo os que entendem do problema e o vivem, não se tem ciência efetivamente de qual é o projeto em execução, já que o original foi alterado muitas vezes, inclusive o apresentado em audiências públicas.O escritor Petrônio Braz, presidente da Academia de Ciências, Letras e Artes do São Francisco, advogado com importante contribuição publicada no campo do Direito Municipal, convidado pelo professor Luiz Giovani Santa Rosa, fez palestra na Casa do Rotariano sobre o assunto. Especificamente, discorreu sobre o programa de desenvolvimento sustentável do semi-árido, projetado para atendimento às vitais necessidades da gente nordestina.Nascido no município de São Francisco, Petrônio Braz conhece em profundidade a questão. Começou sua exposição por enfatizar que nós, mineiros, nada teríamos a ganhar ou a perder com a transposição, posto que as águas do rio já terão cumprido o seu papel em Minas. Sem embargo sublinhou que, sendo Minas fornecedor de 75% das águas que descem para a calha do rio, continuou tendo a ver com o projeto.Mais do que isso, a menos de um quilômetro do rio, nas duas margens, o norte-mineiro passa fome e tem sede. Todos os anos, os municípios entram em regime de emergência ou de calamidade pública por falta de água e não há projeto conhecido visando melhorar o quadro.O pensamento do palestrante é também o de milhões de mineiros: mesmo nada tendo a ver com transposição das águas, após elas deixarem o território de nosso Estado, como brasileiros temos o direito (mais do que isso, o dever, digo-o) de analisar os lados positivos e negativos do projeto.A energia consumida com o bombeamento da água para o abastecimento dos dois canais no Nordeste, somada à uma energia que deixará de ser produzida pelo complexo Paulo Afonso, comprometerá a produção também da usina de Sobradinho.Outros fatores foram alinhados. Assim, a evaporação do rio, até Sobradinho. Somente no lago da represa desta usina, ela corresponde ao volume de água lançado no São Francisco. Além disso, a infiltração absorverá apreciável quantidade de água bombeada, considerando que os terrenos das áreas de caatinga são de natureza sedimentar, com alta capacidade de absorção.O rio da integração nacional corta terras de cinco estados, mas - com exceção do Alto Médio São Francisco, seja dizer, acima de Pirapora, as populações ribeirinhas são altamente sacrificadas, vivendo em estado de pobreza quase absoluta. Não são muito diferentes dos irmãos do Nordeste.Ademais, embora apresentados projetos com vistas à revitalização do rio em Minas, em verdade não passam de micro-projetos, sem a força determinante de uma ação realmente efetiva e positiva.Minas Gerais, onde nasce a grande via fluvial, continua exigindo um macro-projeto de revitalização. Carece de uma ação condizente com a realidade, com a situação que o rio atravessa, não somente com objetivo de despoluição dos afluentes, mas sobretudo para sua própria revivificação.Em resumo: revitalizar é fazer renascer, dar nova vida. Isso é o essencial para Petrônio Braz e os mineiros. É o que interessa ao Brasil.
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