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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Em Montes Claros, poooode!

Waldyr Senna Batista

Dia desses, jornal da cidade publicou foto que mostrava isolamento de calçada, com grade de ferro, para realização de show em frente a um bar. Na legenda, a irreverente autora da coluna indagava: “Pode?”.
Resposta: sendo em Montes Claros, “poooode”, incluindo trejeito, entonação e sotaque da gorda personagem da tevê. Tanto pode que, iguais ao do flagrante fotográfico, dezenas, talvez centenas de casos são constatados corriqueiramente em todos os quadrantes da cidade, no centro e na periferia.
Há locais em que, desde as primeiras horas da tarde, os espaços deixados por veículos nas áreas de estacionamento vão sendo ocupados por cadeiras e mesas, de forma que, mal anoitece, ao longo dos passeios instalam-se os cervejeiros para o descontraído bate-papo, que se prolonga até altas horas.
Os bares, propriamente, em sua maioria, são cômodos minúsculos, onde mal cabem o freezer com as bebidas e um reduzido balcão, É na via pública que se desenvolve a atividade comercial, sem ônus para o proprietário e sem limite para a ocupação. Em alguns locais, como nas imediações da avenida sanitária, ruas são interrompidas e passeios e pistas ocupados para que os jovens se esbaldem, deixando, ao final da farra, o lixo formado por copos plásticos, guardanapos de papel e restos de comida, No dia seguinte, logo que amanhece, os garis da prefeitura comparecem para a varreção, no que parece ser mais uma gentileza do poder público aos despreocupados proprietários.
A prefeitura, por sinal, é a primeira a dar o mau exemplo, ao ocupar grande parte das ruas centrais, como fez mais uma vez na semana passada, a pretexto de rememorar o carnaval de rua. Várias ruas que dão acesso à praça da Matriz, onde transcorreu o desfile de blocos caricatos, foram interditadas, sem que tenham sido oferecidas opções para o escoamento do trânsito e sem sinalização nas imediações da área conflagrada. O motorista desprevenido descia, por exemplo, a rua Gonçalves Figueira com a intenção de alcançar a praça da Matriz e, ao chegar na rua Santa Maria, via-se impedido de fazê-lo, obrigando-se a tomar outra direção, enfrentando engarrafamentos quilométricos, desperdiçando combustível e se estressando desnecessariamente.
O pior é que, poucas semanas antes, realizou-se outro carnaval temporão, em local menos inadequado, mas mesmo assim causando transtornos. No caso mais recente, terminada a festança, que transformou o entorno da praça em pandemônio, de quinta-feira a domingo, surgiu a ameaça de que se cogita promover, brevemente, outro carnaval. Assim não pooode!
Montes Claros não tem carnaval, nunca teve, porque não oferece os pré-requisitos indispensáveis, como praias e atrações turísticas, além do que as ruas são estreitas e esburacadas. Então essa invenção de carnaval temporão nada mais é do que exploração comercial em espaço público. Em vez de carnaval, tanto faria ser forró ou festival de música axé, brega ou sertaneja, o que a moçada quer mesmo é curtição. Numa boa.
Só que a maioria não percebe que está sendo usada eleitoralmente, como aconteceu na semana passada. A promoção teve o acintoso apoio da prefeitura, claramente com vistas à campanha eleitoral que se aproxima, na qual o prefeito se apresentará como candidato. Como o grupo que promove o “carnamontes” é o dono da marca, os marqueteiros do candidato decidiram replicar com uma festa do gênero, cujo mote foi a reativação dos desfiles de rua de passado recente, em que os componentes de blocos e escolas de samba se divertiam, enquanto o povão, nas arquibancadas, aplaudia.
A encenação levada na praça doutor Chaves alcançou sucesso, destacando-se a boa qualidade artística dos blocos que dela participaram. Mas nem assim se justifica o transtorno imposto à população. Há outros locais na cidade em que a promoção não produziria tantos transtornos. As avenidas sanitárias e a praça dos jatobazeiros mortos se prestariam mais a esse tipo de movimentação, como já se viu antes.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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