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Mensagem: 39ª VÍTIMA DA VIOLENCIAJosé Prates “Rapaz fuzilado com 12 tiros, é a 39ª vítima da violência em Montes Claros” diz a notícia estampada no moc.com. Trigésima nona é um lugar na estatística da violência que graça num mundo impiedoso do homem sem Deus. Mas, para nós, é difícil acreditar que isto esteja acontecendo, também, em Montes Claros. É triste constatarmos que o Montes Claros poético de Cândido Canela, da voz romântica de Nivaldo Maciel nas serenatas em noites de lua cheia; o Montes Claros do mês de Maria com as meninas inocentes vestidas de anjo, coroando Nossa Senhora no altar mor da matriz, acabou. É doloroso constatar que a poesia transformou-se em canto fúnebre, na voz do povo que rodeia o cadáver crivado de balas, estendido no asfalto da rua. O trigésimo nono em cinco meses! Não adianta perguntar onde está o Montes Claros de nossa juventude; a cidade que embalava os nossos sonhos; a princesinha do norte das histórias de Ruth Tupinambás, nem da festa do Divino com o Rei e a Rainha à frente do povo em procissão, indo ao encontro dos catopés na praça da Igreja. Montes Claros cresceu, desenvolveu-se como importante centro comercial e político com influência no Estado. Hoje, com foros de metrópole, liderando uma grande região composta de vários municípios, não é o mesmo de ontem. Isto nos orgulha, apesar da saudade que sentimos da cidade poética que nos adotou como filho. Claro que como grande centro comercial e líder de uma importante região do Estado, não está imune à violência que destrói a paz onde se instala, efeito do crescimento descontrolado da população que dificulta e restringe a educação, não preparando a todos para a vida em sociedade, nem os capacitando para o trabalho digno que lhes garanta a sobrevivência honesta. O homem despreparado cultural, social e economicamente quando acuado pelos problemas que lhe surgem no dia a dia, parte para a agressão à sociedade através de meios ilícitos na consecução da sobrevivência, gerando,então, a violência que expande criando a sensação de insegurança em todos os recantos das grandes cidades. Não é, portanto, um fenômeno que ocorre em Montes Claros, embora nos deixe surpresos porque não o conhecíamos assim e nem podíamos imaginar que chegasse a tal ponto.. É um problema que vem de longe, vem desde a falta de planejamento familiar na maioria da população, permitindo aumento desregrado da população principalmente na parte de baixa renda, por falta de educação familiar, até o êxodo rural que encheu as cidades, multiplicando as favelas que saíram do romantismo do barracão de zinco para transformarem-se em criadouros e refúgios de marginais da lei. Não foi de enxurrada que se fez a marginalização da lei e dos costumes. Foi aos poucos, devagar, aliciando jovens mal educados e desprotegidos e os levando para o crime. É culpa de quem? Em parte, dos governos que, no princípio, não encararam o problema como questão sociológica, mas, policial. E, de outra parte, da própria sociedade que se fez alheia à situação, permitindo que a marginalização crescesse e se organizasse no comércio ilegal de tóxico, viciando e marginalizando jovens de todas as camadas sociais. Veio a concorrência, o interesse ferido que gerou a violência, banalizando a vida humana. Desceu do morro e chegou no asfalto que se fez leito de cadáveres crivados de bala. E aí está, também, em Montes Claros que cresceu, tornou-se adulta e perdeu a inocência. (José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal, percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a família. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente adido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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